João Nuno Ferreira é licenciado em Engenharia de Sistemas e Informática na UMinho. Foi técnico superior de informática nesta academia em 1991-93 e professor da Universidade Atlântica em 1997-98. Presidiu a Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN) em 2013, que entretanto foi integrada na Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), pertencendo atualmente ao seu conselho executivo para o triénio 2013/15.
 
Aquando da sua decisão de ingressar no ensino superior, o que o motivou a escolher a UMinho?
O interesse em estudar informática ou eletrónica foi o que me atraiu, depois percebi que a Universidade do Minho era uma das melhores fora de Lisboa. Depois de confirmar essa ideia, foi a primeira hipótese que coloquei, fora da capital.
 
O que o levou a escolher a licenciatura de Engenharia de Sistemas e Informática?
A Universidade do Minho não era uma referência na eletrónica na altura e esta era uma das minhas áreas preferenciais, mas tinha um curso de Informática já de referência, por isso acabei por enveredar por essa área, o seu curso tinha bastante projeção nacional.
 
Ter um papel ativo no mundo da informática sempre foi o seu sonho?
Inicialmente queria ir para uma área de engenharia técnica e acabei por ficar na informática, que era uma área emergente e gostei muito. Acabei por ter alguma sorte com esta escolha.
 
O que significa a UMinho para si? Qual a sua importância no seu percurso?
Foi fundamental, com cinco anos decisivos na minha formação - talvez o ciclo mais importante da minha formação.
 
Que memórias guarda da sua passagem por esta academia?
Muito boas. Braga e Guimarães eram agradáveis para estudar. Depois, a possibilidade de me deslocar a pé por todo o espaço académico foi uma grande mais-valia, pois creio que o ambiente gerado cria, e criou, um conjunto de ótimas memórias.
 
O que mais o marca no seu percurso académico e profissional?
A possibilidade de trabalhar com pessoas inteligentes, que contribuem para a minha constante aprendizagem. Isso aconteceu tanto na fase da UMinho como noutros ciclos de formação que tive.
 
Colaborou no Departamento de Informática
 
Além de aluno, foi também técnico superior do Departamento de Informática da UMinho, entre 1991 e 1993. Como descreve essa experiência?
Foi muito importante. A UMinho foi o meu primeiro patrão, embora num período curto, durante o qual eu fui responsável pelo sistema de email do Departamento de Informática, na altura com um sistema que já não se usa – o X400 – e isso permitiu-me ganhar experiência profissional, para depois abraçar novos desafios.
 
Em 2013 foi eleito presidente da FCCN... Como surgiu esta oportunidade?
Foi um pouco inesperada e ligada à intenção governamental de integrar a FCCN na Fundação para a Ciência e Tecnologia. Fui convidado para a tarefa de proceder a essa integração, num desafio que julguei ser importante aceitar.

JNF.jpg Na tomada de posse do conselho executivo da FCT (segundo à direita), com a presença do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, da secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira, e do presidente da FCT, Miguel Seabra

Como avalia a sua experiência na FCCN?
Trabalhei aí durante 20 anos e, portanto, tenho aí a esmagadora maioria do meu período de carreira. Além da UMinho, apenas tive uma pequena experiência profissional na Holanda e como docente noutra universidade. Portanto, a FCCN representa a minha experiência profissional mais marcante.
 
Depois de mais de 20 anos de carreira, pensa voltar a investir na formação académica, eventualmente na UMinho?
Já depois da licenciatura tive mais dois ciclos de formação: um mestrado no University College of London e fiz a parte letiva de um MBA na Escola de Gestão da Universidade do Porto. Não perspetivo neste momento outro ciclo, nomeadamente doutoral, mas não excluo continuar a aprender. É algo sempre em aberto e, nesse sentido, não excluo de forma nenhuma a UMinho.
 
Que conselhos daria a um recém-licenciado na área da Informática?
Creio que é importante que tente ganhar experiência em ambientes diferentes. Com outras equipas e outras tecnologias, nomeadamente experiências internacionais, é fundamental. Essencialmente, propor-se a si próprio desafios exigentes, em contacto com ambientes de trabalho de excelência.
 
Como vê o futuro da Informática ligada à educação e à ciência nas instituições de ensino superior?
Não sou um especialista na área da educação, mas sem dúvida que, no ensino à distância e no e-learning, a informática ajuda a diminuir distâncias. Já na área da ciência o impacto é enorme. Cada vez mais a grande ciência requer meios informáticos dedicados e de grande capacidade. Em alguns países já falamos de big science ou de big data, com muitas áreas científicas que produzem quantidades fenomenais de dados que requerem capacidades de transmissão e processamento muito grandes. Aí, a informática é completamente fundamental. Há hoje pessoas especializadas, como por exemplo os bioinformáticos, a tratar dados, a fazer curadoria dos dados de determinada área científica, que não fazem investigação, mas trabalham os dados para que os investigadores consigam fazer progredir o conhecimento.
 
Considera que a UMinho está bem posicionada nesta área?
Não tenho um conhecimento completo da oferta da UMinho e poderia ser injusto. Mas creio que tem mantido sempre uma posição sólida. Sei que continua líder em sistemas de gestão de ciência e no acesso aberto e a comprová-lo está a sua liderança em termos de projetos europeus na área. Mas esse é apenas um nicho da informática.
 
O que representa para si ser Alumni UMinho?
Tenho tido pouca relação com os antigos alunos a nível institucional. Mantenho apenas contacto regular com os meus antigos colegas de curso. No entanto, acho muito positivo que se divulguem e promovam atividades e informações sobre antigos alunos desta Universidade.

Uma música: "Águas de Março", de Tom Jobim
Um livro: "O Domínio do Ocidente", de Ian Morris, que estou a ler agora
Um filme: “Paris-Texas”, de Wim Wenders
Uma frase: "Carpe diem"
Uma viagem: O meu primeiro interrail
Um clube: Sport Algés e Dafundo
Um desporto: Vela
Um vício: Adiar as coisas
Um momento: Elencar apenas um é muito difícil...!