​Raquel Vieira de Castro está à frente de um negócio de família que gera mais de 30 milhões por ano. As bolachas e amêndoas que comemos há 75 anos são o seu dia a dia. 

Quando era mais nova, Raquel Vieira de Castro, agora com 41 anos de idade, queria ser arquiteta. Não imaginava que, afinal, tinha jeito para contas e nenhum talento para o desenho. "Gosto muito de arquitetura, ainda hoje, mas a minha cabeça era para os números", recorda. Fez os testes psicotécnicos e entrou na Universidade do Minho, na licenciatura de Administração Pública. "Era um curso recente, Portugal precisava de formar quadros nesta área e eu não possuía nenhuma perspetiva de entrar para o negócio de família". Preparando-se para o futuro, fez um International Executive MBA, na Escola de Negócios Caixa Nova, e um International Business Program na Georgetown University, nos Estados Unidos da América. 

O destino trocou-lhe as voltas inesperadamente. 

Estava a fazer um estágio na Direção Geral de Finanças, quando o pai a convidou para ir para a Vieira de Castro, a empresa fundada pelo avô em 1943, decorria a Segunda Guerra Mundial. "Foi um desafio. Eu tinha 23 anos. Não sabia nada da área comercial, mas não tinha com​o dizer que não. Sendo uma empresa de família, é importante haver seguimento. O meu pai precisava de mim". Com mais ou menos ponderação, Raquel não demorou a responder ao repto do pai entrou na sede da empresa, em Famalicão, um lugar especial e com um cheiro perpétuo a coisas boas.

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Hoje, Raquel é administradora da empresa, responsável pela área Comercial e de Marketing, trabalha lado a lado com o pai, o irmão e uma equipa grande, especializada, da qual se orgulha. "Quando se faz algo com gosto e se tem uma equipa que nos apoia e desafia, o peso da herança dilui-se e tudo passa a ser vivido como uma excelente motivação", conta. 

Para entender melhor os parceiros internacionais, Raquel viveu uns meses no Japão. "Queria entender as questões que eram colocadas, ter os mesmos recursos e falar a mesma linguagem. É uma cultura muito diferente da nossa. Aí percebi que as mulheres têm um papel muito diferente. Não entendem a mulher enquanto líder". Raquel foi-se ajustando, tentando compreender cada cultura de forma a garantir a internacionalização dos produtos que saem da fábrica de Famalicão. 

Raquel gosta de liderar, de inovar e de aprender, por isso este ano comemora os 75 anos da empresa com redobrada alegria. "Tenho orgulho em quem somos". Acrescenta que existe uma cultura de empresa de dar "passos consequentes e sustentáveis". 

Mãe de uma menina de 11 anos de idade, gostaria de a ver seguir um caminho no qual a felicidade esteja por perto. "Se quiser seguir as nossas pisadas, e tiver as competências necessárias, será com gosto que a receberemos na empresa, mas ainda é muito cedo", adianta.

Entretanto, uma das metas de Raquel é continuar a crescer inovando, passar dos 35,5 milhões de euros por ano para os 50 milhões, nos próximos anos. "É um bom objetivo", diz, com um sorriso. "Comemorar os 75 anos pretende celebrar o trabalho da primeira e da segunda geração. Eu olho para a empresa como algo que a minha geração tem a responsabilidade de fazer crescer de forma sólida e de transmitir, melhor ainda, para a quarta geração".


Notícia: ​Cristina