2019 tem sido o ano do reconhecimento para a Balanças Marques: prémio de melhor empresa de pesagem do mundo nos “Weighing Review Awards 2019”, a melhor balança comercial do mundo, uma das 100 Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal e, mais recentemente, o Troféu Luso-Francês na categoria PME, pelo excelente desempenho no mercado francês, entre outros. A Spot falou de futuro com um dos rostos da empresa - Tiago Marques Pereira, alumnus de Economia e mentor da UMinho.

Que significado têm estas rece​ntes distinções?​
Sabemos que o nosso foco tem de ser produzir balanças, as melhores do mundo, mas este reconhecimento é de extrema importância para nós, significa que estamos a desenvolver um bom trabalho. No caso do prémio de melhor empresa de pesagem do mundo, por exemplo, houve uma votação online por todo o mundo, o que nos enche de orgulho, por percebermos que estamos com uma boa reputação no mercado, não só a nível nacional como internacional.​

Dizia, a propósito do Troféu Luso-Francês, que o verdadeiro reconhecimento surge quando percebem que grandes indústrias francesas de renome mundial têm no seu parque tecnológico as vossas básculas de pesar camiões. É comum isto acontecer? 
Sim, e cada vez acontece mais. Falei concretamente de França a propósito do troféu, mas isto acontece também em Portugal, Espanha e muitos outros países. Por vezes, mesmo em viagens de lazer, acontece-me passar por uma grande indústria e ver uma báscula de pesar camiões que consigo reconhecer como nossa e se falarmos de balanças comerciais a probabilidade de encontrá-las em qualquer tipo de estabelecimento aumenta ainda mais. No meu entender esse é o maior reconhecimento de todos.

Referiu que o facto de serem PME permite uma proximidade com os clientes e uma maior flexibilidade na produção. Esta é uma marca que a Balanças Marques quer manter no futuro?
Quanto maior for a dimensão de uma empresa, mais difícil será conseguir manter esta característica. Temos uma administração muito próxima do mercado e da produção, o que nos permite adaptarmo-nos facilmente àquilo que são as especificidades de cada cliente. Para nós tem sido uma mais-valia por termos muitas vezes como concorrência grandes empresas internacionais, como têm uma linha de produção tão standard, que se torna muito difícil adaptá-la. Sem dúvida que um dos nossos objetivos, sabendo que não é fácil, é continuar a crescer e manter esta caraterística. O futuro passa pela customização dos produtos, cada vez mais o cliente quer um fato à medida.
 
A vossa balança BM5 ARM foi também considerada pelo segundo ano consecutivo a melhor balança comercial do mundo, a báscula PCM M1500 a melhor báscula de pesar camiões, e o ETPOS o melhor software para pesagem. O que torna o vosso produto tão diferenciador?
Temos, por um lado, a experiência de 50 anos no mercado que nos traz a robustez e qualidade de produtos testados ao longo dos anos a nível de hardware. Por outro, a forte aposta tecnológica tem-nos permitido acoplar um software de ponta que vem tornar, sem dúvida, o nosso produto altamente competitivo.

Foram também considerada uma das 100 melhores empresas para trabalhar em Portugal… “Um grupo, uma família”, só assim faz sentido?
Eu penso que sim, é um pouco transportar para uma empresa que cada vez tem mais colaboradores, aquilo que é o nosso ADN: família! A empresa foi fundada pelo meu avô, está cá a minha mãe, os meus tios, e isto para nós sempre foi uma extensão da família. Lembro-me de há uns 25 anos termos 20 colaboradores e isto ser mesmo uma família, neste momento somos 120 e queremos continuar a passar isso às pessoas. Queremos captar e reter os melhores talentos e queremos que quem aqui entra se sinta bem a trabalhar e perceba aquilo que é a cultura da empresa e o seu valor mais importante: a família.
 
Afirmava que com a crescente automação industrial e a introdução da denominada “indústria  4.0”,  se prevê um impacto significativo  no  mercado  dos equipamentos  de  pesagem.  A Balanças Marques promete manter-se na primeira linha da inovação?
Sem dúvida!  Há 20 anos a maior parte dos supermercados tinha uma balança analógica, hoje as balanças já têm tecnologia touch, estão ligadas por wi-fi à rede, interligadas entre si e conectadas ao sistema de gestão das lojas. É um processo evolutivo que traz novidades de ano para ano. Temos procurado acompanhar tudo isto investindo bastante na área de investigação e desenvolvimento, é essencial estarmos na vanguarda.

Todo o processo de investigação e desenvolvimento é efetuado pela vossa equipa de engenharia, com a colaboração regular de instituições de ensino superior portuguesas. É essencial esta sinergia?
Tem sido uma mais-valia. Trabalhamos em proximidade com a Universidade do Minho, mas também com o IPCA, em Barcelos, e ainda com alguns parceiros espanhóis ligados à Universidade de Bilbao, também na área de engenharia. Sentimos que em cada projeto que entramos com eles evoluímos mais um pouco, tanto ao nível da produção, como da própria gestão industrial.
 
Atualmente, o volume de exportação representa cerca de 80% da faturação e tem sido esta a tendência nos últimos anos. Em que mercados estão a apostar neste momento a nível internacional?
Os principais objetivos passam por consolidar a nossa posição como um dos principais players nos mercados francês e espanhol, entre outros onde já estamos inseridos, como Bélgica, Alemanha, Suíça. Vamos continuar também nos mercados do norte de África, estamos a expandir para o mercado sul-americano, já temos uma forte presença no Chile e temos planos de entrar, a curto prazo, no mercado asiático.
 
A criação de uma empresa própria na China tem sido uma porta de entrada para o mercado asiático?
Esta empresa foi criada em 2015 com o intuito de estarmos próximos de alguns fornecedores, foi esse o nosso primeiro objetivo. Temos uma sócia chinesa que trabalha connosco diariamente, o que nos permite contactar de perto com fornecedores asiáticos. Tem sido essencial para percebermos como funciona o mercado, a cultura chinesa e como negoceiam os chineses. Agora, a breve prazo, queremos passar para a segunda fase e segundo objetivo desta empresa, que é a venda no mercado asiático. Já participamos em algumas feiras mundiais, fomos a única empresa portuguesa a marcar presença no maior evento mundial de pesagem em Xangai, já temos um conhecimento a nível de distribuidores e contactos e sentimos que agora podemos entrar, com segurança, nesse mercado.

No final deste ano a meta promete ser positiva?
Felizmente temos vindo a crescer todos os anos, não só em faturação, mas como empresa, ao nível de recursos humanos, da qualidade dos nossos produtos e da qualidade de trabalho. Têm sido anos benéficos e, na linha que temos vindo a seguir, 2019 não foge à regra, estando a ser, sem dúvida, mais um ano positivo para a nossa empresa.

E 2020, promete ser um ano de peso?
Temos algumas apostas em novos mercados, estamos também a desenvolver novos produtos, não só balanças, mas também produtos complementares, que esperamos poder lançar em 2020 e que prometem revolucionar o mercado.

O que lhe dizem a si estes mais de 50 anos de histórias enquanto jovem gestor de uma empresa desta dimensão?
Orgulho e responsabilidade! Orgulho pelo excelente trabalho que foi desenvolvido ao longo destes 50 anos. Responsabilidade porque tenho consciência da grande missão que tenho em mãos e das expectativas que estão a ser criadas. Farei de tudo para não as defraudar.
 
Entrevista: Revista Spot