Ana Margarida Ferreira da Cunha acaba de prestar provas de doutoramento em Ciências da Saúde na Escola de Medicina da Universidade do Minho, tendo obtido a classificação de "Muito Bom". Ao defender a tese "O impacto da dor crónica na tomada de decisão – o papel da via mesocorticolímbica", a mais recente doutora da UMinho integra um grupo de trabalho que pretende ajudar a personalizar o tratamento da dor crónica, com claros benefícios para os pacientes. 
 
“A minha tese foi focada no impacto que a dor crónica tem na tomada de decisão, nomeadamente a nível da impulsividade e dos comportamentos habituais. Para estudarmos isto, eu e os meus colegas, utilizamos modelos roedores de dor crónica que ensinamos ou a carregar numa alavanca várias vezes ou a esperar alguns segundos antes de pôr o nariz num buraco, para receberam recompensas (água com açúcar ou bolinhas de açúcar”, referiu, em nota de imprensa.
 
Em declarações ao Diário do Minho, Ana Margarida da Cunha explicou que, em suma, o objetivo do estudo, caso avance como está previsto, é “personalizar o tratamento da dor crónica, tendo em conta as características de cada doente, podendo dosear os opiáceos de acordo com cada pessoa”. 
 
Um estudo que pode vir a ter grande relevância na sociedade, tendo em conta que a dor crónica afeta milhares de pessoas todos os dias. 
 
Segundo esta investigadora, estes resultados devem agora ser estudado também em pacientes de dor crónica, uma vez que pode ter implicações importantes para o desenvolvimento de adições, uma patologia altamente relacionada quer com comportamentos impulsivos quer com hábitos.
 
Na nota de imprensa enviada ao Diário do Minho, Ana Margarida da Cunha lembra que aproximadamente 10 por cento dos pacientes com dor crónica desenvolvem adições à medicação. Aliás, em países desenvolvidos, esse número chega aos 20 por cento, com impactos terríveis a nível de comorbidades emocionais e cognitivas como ansiedade, depressão e disfunção executiva. 
 
“Se percebermos melhor como a dor crónica impacta o comportamento habitual e impulsivo, esta informação pode ser tida em conta na hora de medicar e acompanhar os pacientes”, concretizou. 
 
Estudar em Portugal ou no estrangeiro? 
 
A nova doutora em Ciências da Saúde da UMinho, com nota máxima, está a ponderar a possibilidade de continuar a investigação em Portugal ou no estrangeiro. Ana Margarida reconhece que, apesar das melhorias das condições em Portugal, o estrangeiro oferece outras ferramentas que Portugal ainda não tem. 
 
Regressando a tese de doutoramento "Chronic pain impact on decision-making – the role of the mesocorticolimbic system" (O impacto da dor crónica na tomada de decisão – o papel da via mesocorticolímbica), o júri foi presidido pela doutora Joana Almeida Santos Pacheco Palha, professora Catedrática da Escola de Medicina da UMinho.

Fonte: Diário do Minho