Dois ex-alunos da Universidade do Minho criaram uma empresa que se dedica à investigação e produção de cerveja artesanal. Para já são seis as cervejas com sabores e estilos diferentes para cada letra do alfabeto que agora podem ser provadas naquele que é o primeiro brewpub português, a Letraria.
Filipe Macieira e Francisco Pereira completaram o mestrado integrado em Engenharia Biológica na UMinho em 2008. Depois de terminarem os seus estágios curriculares, Filipe na indústria cervejeira na República Checa e Francisco na Unicer, integraram projetos de investigação na academia minhota onde realizaram os seus doutoramentos.
A ideia de produzir cerveja artesanal surgiu de uma forma natural, pois ambos os investigadores possuíam saberes técnicos e científicos para o desenvolvimento de cervejas diferenciadoras das produzidas e consumidas até então no mercado nacional. Frequentar o IdeaLab, Laboratório de Ideias de Negócio promovido pela TecMinho, permitiu-lhes passar da ideia ao plano de negócio e constituir a FermentUM em 2011.
No departamento de engenharia biológica da UMinho os alumni montaram as instalações-piloto onde desenvolveram e aperfeiçoaram os processos cervejeiros, contando com um financiamento de 50 mil euros do QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional). Realizaram análises químicas e microbiológicas, testaram o perfil aromático e submeteram as cervejas criadas a painéis de provadores profissionais. Também nesta fase foram avaliadas as preferências dos consumidores, os preços adequados, os futuros clientes e potenciais fornecedores.
Ainda em 2011, com o apoio da Câmara Municipal de Vila Verde e da ATHACA (Associação de Desenvolvimento das Terras Altas do Homem, Cávado e Ave), os jovens empreendedores montaram uma fábrica cervejeira, com 600 m2 e capacidade para até 7 mil litros de cerveja por mês, a maior a nível nacional no ramo da cerveja artesanal. No espaço exterior da fábrica criaram também uma plantação pedagógica de lúpulo, uma vez que existe nesta localidade uma forte tradição de plantação, que é matéria-prima de todas as cervejas.
A LETRA – Cerveja Artesanal do Minho foi lançada pela FermentUM em Outubro de 2013 no mercado português. Trata-se de uma cerveja produzida através de métodos de fabrico artesanais e ingredientes 100% naturais – água, malte e lúpulos – que lhe conferem um caracter único e especial, resultado das suas propriedades organoléptidas, que a distinguem das cervejas atualmente produzidas e consumidas em Portugal: mais turva, mais aromática e muito mais intensa.
A estratégia de marketing da marca tem como objetivo interagir com os consumidores de forma didática. Há uma explicação à volta de cada uma das letras associada ao estilo, ao sabor, ou ainda à forma como é feita. Todos os meses fabricam 6 cervejas base: a LETRA A (weiss-trigo), a LETRA B (pilsner-loira), a LETRA C (stout-preta), a LETRA D (red ale-ruíva), a LETRA E (Belgian Dark Strong Ale) e a LETRA F (India Pale Ale). Produzem também mensalmente cervejas especiais e, à medida que vão produzindo essas receitas, vão adicionando LETRAS ao abecedário.
A cerveja minhota começou por ser vendida em lojas de Braga e do Porto, mas agora pode ser encontrada em espaços comerciais um pouco por todo o país, tendo como principal alvo as lojas gourmet e os restaurantes de gama média-alta.
Em junho deste ano, e na continuidade do plano inicial de negócio, os ex-alunos da UMinho abriram a Letraria num espaço contíguo à fábrica de Vila Verde. Trata-se de um brewpub, conceito inovador no nosso país, que permite que os seus clientes tenham uma maior interação com o processo de produção da cerveja. Neste espaço, as pessoas podem associar gastronomia a cervejas artesanais no seu patamar mais natural possível, uma vez que se pode observar a zona do seu fabrico através de uma divisória em vidro.
Horário da Letraria (no Inverno)
Qui: 16:00-23:00
Sex-Sáb: 16:00-1:00
Dom: 16:00-23:00
* Artigo da rubrica Ecossistema de Inovação e Empreendedorismo da Newsletter Nós Alumni, desenvolvido em parceria com a TecMinho
