A rotina era sempre a mesma. Sofia e Ana Rita Oliveira, de 23 e 25 anos, saíam da escola primária diretamente para a fábrica têxtil dos pais, em Guimarães. “Crescemos em cima das mesas de corte, literalmente”, conta Rita (como gosta de ser tratada) à NiT.

Na altura, a mãe, Fernanda Pereira, fazia muitas horas extra, mas as irmãs não se importavam. “Não íamos para a linha de montagem, obviamente. Mas acabávamos por ajudar noutras coisas, como a fazer bainhas e a cortar peças.”

Foi nessa altura que Rita e Sofia tiveram o primeiro contacto com tecidos nobres. A fábrica fazia peças de roupa para marcas de luxo — como Max Mara ou Tommy Hilfiger —, que elas conheciam em primeira mão. “Lembro-me de ficar maravilhada com as sedas, os linhos. Tudo aquilo era incrível”, recorda.

Depois de passarem muitos verões no meio dos têxteis, as irmãs souberam, em 2010, que os pais iam fechar a fábrica e emigrar para Paris, em França. Rita e Sofia ficaram por cá a estudar. A mais velha licenciou-se em Marketing e a mais nova em Negócios Internacionais, ambas na Universidade do Minho, em Braga. A seguir, tiraram juntas um curso de Marketing Digital.

Começaram por trabalhar cada uma na sua área, mas em janeiro deste ano despediram-se para criarem uma marca de roupa. “Crescemos no meio desta indústria e sempre fizemos peças para nós que os amigos adoravam. Então, falámos com os nossos pais, que nos deram todo o apoio”, conta Rita. Com a decisão tomada, passaram algum tempo à procura dos melhores tecidos. “Estamos habituadas a trabalhar com bons materiais. Não tenho nada contra as fast fashions, mas um dos nosso objetivos sempre foi ter a melhor qualidade possível.”

Encontraram o que procuravam em vários armazéns do Norte, que vendem os tecidos a metro e também os tingem, se for preciso. Passo seguinte: desenhar as roupas. São as duas irmãs que o fazem, tal como a modelagem e costura das peças. Começaram por criar tudo em casa, mas os pedidos da Guaja — nome da marca inspirado numa tribo indígena — têm sido tantos que as vimarenenses tiveram de abrir um pequeno atelier, também em Guimarães.

A primeira coleção da marca portuguesa, lançada a 15 de abril, tem 24 propostas, entre vestidos, tops, casacos, calças, saias e calções. “É uma coleção-cápsula, ou seja, temos poucas peças de cada para que as pessoas não pensem que vão encontrar 50 pessoas iguais a elas. Além disso, quisemos fazer roupas intemporais, que se adaptassem a todos os corpos.”

Por enquanto, as sugestões estão à venda online. A ideia de Sofia e Ana Rita é terem, a curto prazo, um espaço físico. 

Quem manda nisto tudo?
Nome: Ana Rita Oliveira
Idade: 25 anos
Profissão: Empresária
Peça preferida: Sem dúvida, as calças beges largas
Guilty pleasure: Francesinhas
Convença-nos a conhecer a marca: “Comprar Guaja é comprar um produto nacional desenhado para a mulher do dia de hoje. O objetivo é que ela se sinta melhor do que nunca na sua própria pele.”

Notícia: NIT