​A evolução tecnológica vai valorizar o “lado humano” do trabalho. Com a crescente automação de robotização “vamos poder ser mais humanos e menos maquinais”. O aparente paradoxo foi apresentado ontem, no Altice Forum Braga, na conferência Inovação e oportunidades tecnológicas na região”, organizada pelo Grupo Ageas Seguros. 

O alumnus, professor e investigador da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, convidado a falar do impacto da tecnologia e inovação no futuro do trabalho e do emprego, perspectivou aquilo que se espera em Portugal, nos próximos 20 anos, em termos de “perda de emprego pela evolução tecnológica”. 

O economista sugeriu que se comece “a pensar o trabalho em termos de tarefas e não de profissões”, apresentando a tecnologia como “complementar das tarefas não rotineiras e substituta das tarefas rotineiras”. 
Nesse sentido, perspectivou que as tarefas não rotineiras e cognitivas serão as mais valorizadas no futuro, passando as rotineiras e não cognitivas a ter um baixo valor. 

No futuro próximo, 47 por cento do actual emprego poderá ser robotizado, avisou João Cerejeira, apontando as actividades de comércio por grosso e retalho, financeiras e de seguros, bem como as indústrias transformadoras aquelas onde a perda de emprego será mais significativa. 

Por outro lado, actividades que exijam mais capacidades cognitivas e interacção pessoal, impossíveis de serem realizadas por máquinas serão valorizadas num mercado de trabalho que valorizará muito a educação. Neste aspecto, o Norte de Portugal está numa posição desvantajosa, considerando que é a terceira região da Europa com menos população activa entre os 27 e os 64 anos de idade com menor escolarização secundária ou superior. 

“Portugal não está equipado em termos de capital humano para esta transformação”, alertou João Cerejeira. 


​Notícia: Correio do Minho (João Paulo Silva)​