​Entramos numa casa branca erguida junto a uma estrada movimentada do concelho de Barcelos. O cimento e a lama que a envolve contrasta com o abraço de paz que cedo recebemos. É nele que vamos cozer e saborear O Amor Supera Tudo, notável projeto de Patrícia Sousa, minhota de gema, de palavra fácil, que gosta de abraços e que tem os olhos colados no amor.

Ricardo Moura

Foi menina de muitos planos, envolvida em quase tudo que mexia com o brio da freguesia de Martim, plantada no extenso município de Barcelos. Esteve no núcleo fundador do Agrupamento de Escuteiros 1204 – Corpo Nacional de Escutas e no Movimento Independente que conquistou as eleições, há mais de 20 anos, para espanto de muitos. Pelo meio, criou uma equipa feminina de futebol.

Por essa altura, o mundo de Patrícia Sousa era um jardim perfumado. Tudo era vida e gente. Muita. Cresceu por entre irmãos, primos, sobrinhos, tios e pais tranquilos. Nunca houve pedras num percurso de abrigo: “a minha casa sempre foi o porto seguro de toda a família”, confidencia.

A infância foi feliz com espelho na avó materna que cedo lhe incutiu armas para derrotar o medo: “eu digo sempre que a minha infância foi muito feliz.com episódios engraçados como este que conto pela primeira vez. A minha avó vendia pão. E desde pequena ia com ela, antes de ir para a escola. Ela levava a canastra grande e eu a pequenina. Ia pelos caminhos fora e eu dizia bom dia a toda a gente. E porquê? Porque tinha muito medo de cães. Então a minha avó dizia-me: diz-lhes bom dia que assim vão conhecendo a tua voz e já te deixam passar”.

Única rapariga na família até aos 13 anos, Patrícia era o sol do pai. Um amor incondicional que sarapantava qualquer sobressalto. Foi sempre assim e não se via a não ser assim. Fosse contra quem fosse ou a favor de quem fosse. Um bálsamo nunca tricotado que a levou a seguir em frente com as escolhas que quis.

Nesse tempo, os dias eram largos. Excessivamente abertos. As noites estendidas. Dava para tudo. No entretanto, esteve na génese da fundação da Associação Humanitária de Dádiva de Sangue de Barcelos. Uma jovem com ‘sangue na guelra’ que brilhou - por ocasião dos 75 anos do Corpo Nacional de Escutas – de sorriso aberto junto a Jorge Sampaio, então Presidente da República.

JORNALISMO 
Houve sempre jornais nos tascos da aldeia. A maioria pegava nos desportivos. Um ou outro pincelava o olhar pelos matutinos da região. Patrícia estava sempre à cata do Comércio do Porto, um histórico fundado no século XIX, que já por essa altura, dava sinais de navegar em mar alto. Ora pelo grafismo, ora pelo contar diferente, disse para si que um dia iria lá trabalhar: “todos os dias lia o Comércio do Porto. Na hora de escolher, na ida para a Universidade, optei por ele. Estagiei e fiquei. Foram dois anos e só fui embora quando o jornal foi vendido. Já estávamos com ordenados em atraso até dizer chega”.

Patrícia tinha 22 anos quando chegou ao Porto. Na invicta não viveu o meio académico, tudo porque o coração batia com as mil e uma atividades em que estava embrenhada no Minho. As batidas por minuto do coração, nessa era, também tinham prego a fundo sempre que havia “um namorico”. Muitos “desabafos deixados num diário” que um dia foi assaltado pela curiosidade de um familiar. Um aperto que serenou pelo pedido de desculpas que ouviu.

Apesar da casa não ter livros à solta, esta mulher com alma de Martim, lia tudo o que podia. Escrevia o que via e o que imaginava. Na escola, as redações eram as melhores. Não pasmou a primeira linha que rubricou quando decidiu tirar a licenciatura em Comunicação Social (1995-2000), na Universidade do Minho.

AVÓ 
Já foi aqui abordada a passagem pelo jornal Comércio do Porto. Uma despedida que provocou “horrores”. Foi “a primeira perda embora, na altura, não a tomasse como tal”. Todavia, a palavra ‘perder’ ganha dimensão, também por essa altura, quando tombou o primeiro pilar da infância: “foi um ano complicado…morreu a minha avó materna. Eu estava a viver uma fase muito eufórica da vida… (silêncio)”.

ASAS À ESCRITA 
“Tinha de trabalhar, não é? Os meus pais continuavam a dar-me dinheiro e não podia ser. Como não conseguia estar parada, inscrevi-me logo na escola profissional para tirar o curso de formadores. Pouco depois aparece o Correio do Minho. Foi tudo muito rápido. Sem conhecer ninguém, nem mesmo o jornal, e a cobrir a região do Minho. Foi desafiante”. Uma casa onde permaneceu durante 21 anos e onde foi feliz na esmagadora maioria dos dias: “posso dizer que fui muito feliz. Associo este jornal à felicidade com as pessoas. Tínhamos um grupo extraordinário, talvez porque éramos todos da mesma idade. Estávamos todos com a mesma vontade, ainda com a mesma magia, com o acreditar que íamos mudar este mundo. Consegui sentir isto pelo menos durante 10 anos. Pude escrever e lançar notícias extraordinárias. Só que…o peso começou a fazer-se sentir”.

GOLPES 
Com a entrada nos 30, Patrícia começa a ser apoderada por outros olhares. A restruturação da empresa diminuiu a magia. A carga nos ombros estava a ser cada vez mais forte até o corpo quebrar. A paralisação do braço foi o primeiro sinal. O andar a mil, a fraca alimentação, o não querer ser brilho de palco, tudo somado originou um rombo emocional: “não parava em casa. Doía-me tudo. Andei a fazer terapias alternativas durante dois anos intensivamente para voltar a recuperar o movimento do braço. A seguir aparece-me o hipotireoidismo, doença autoimune. Não parava de correr. Tinha amigos que me deixaram de convidar para os aniversários porque nem sequer conseguia ir ao jantar. Saía do jornal sempre tarde e a más horas. A maior parte dos dias não jantava sequer”.

Na tentativa de minorar as dores, decidiu cortar umbilicalmente com os escuteiros da terra. Sentiu-se amputada. O tempo iria ser mais tempo. Um braço de estrada que passou a ser maior nos dias de folga, uma espécie de luzes pingadas na árvore de Natal.

RESISTÊNCIA 
Não obstante, o verniz demorou pouco a estalar. O soalho estava gasto. Um romper a toda a hora. Sem bolo nem champanhe. Os olhos mais cravados. O olhar com menos brilho. O rastilho explodiu pela falta de solidariedade de um episódio a somar a outros. A decisão de querer sair do jornal foi tomada com as unhas espetadas na pele: “não foi fácil, mas era já insustentável. Foi a primeira vez que chorei. Desabou tudo. Disse à Direção que não queria mais isto para a minha vida. Deixei a coordenação e…continuei. Foi um erro. Quando dei conta, já estava a coordenar outra vez. Até que… aconteceu a tragédia com o meu pai”.

PAI 
O dia acordou sossegado. Quente. Pedia maresia. A maioria já estaria a torrar ao sol. Outra tanta, entre afazeres adiados ao longo do ano. Em casa sabiam que o pai, nesse 12 de agosto de 2018, teria de ser operado. Uma cirurgia programada feita ao domingo com grau de imprevisibilidade a roçar o zero. Um ligeiro problema na coluna que recomendou que entrasse no hospital sexta-feira à noite para os obrigatórios preparos. Patrícia acompanhou o pai como pode devido ao trabalho aturado no jornal. Na véspera da operação, conseguiu falar com o pai in extremis. O diálogo abordou a necessidade de a filha tentar outro caminho sob pena de sugar-lhe os melhores anos: “lamento que ele nunca me tenha visto sair do jornal e ver que consegui ter outra vida. Era a vontade dele…o único conforto que tenho é que fui a última pessoa a estar com ele. Deixei-o muito confiante e tranquilo…”.

BURACO 
O chão da casa entra em vácuo com o telefonema de domingo. Patrícia recorda-o em detalhe: “é curioso que ia viajar para os Estados Unidos, uns dias depois, com o meu irmão, a namorada e uns amigos. No entanto, tive um pressentimento que algo não estava bem.

Os passos no hospital ardiam. Uma febre que estalou quando foi conduzida para os cuidados intensivos: “acho que só foi aí que me caiu a ficha. Cuidados intensivos? Mas porquê? Caiu-me tudo. Fui para um buraco muito fundo. Eu sentia-me, tipo, a cair.

Quando nós acordamos, estávamos a cair no vazio. Eu nesse momento entrei em anestesia”.

Acordei com o telefone a tocar. Era do hospital onde foi comunicado que o meu pai não tinha sido operado e que queriam falar connosco. Entretanto, o meu irmão já lá estava porque tinha morrido a sogra. Eu decido ficar em casa com a minha mãe. Chegam mais pessoas a casa. Pelo meio, há uns telefonemas entre familiares e eu começo a sentir que algo não está bem, mas longe de saber que o meu pai já estava em coma”.

Os passos na unidade hospitalar ardiam. Uma febre que crepitou quando foi conduzida para os cuidados intensivos: “só foi aí que me caiu a ficha. Cuidados intensivos? Mas porquê? Caiu-me tudo. Fui para um buraco muito fundo. Eu sentia-me, tipo, a cair. Nesse momento entrei em anestesia. Aliás, a palavra anestesia, durante muito tempo, passou a ser proibida entre nós porque nem sequer conseguíamos ouvir a palavra. A nossa primeira reação ao choque é física. Sempre”.

Seguiram-se meses até ao último suspiro. Uma morte anunciada que ninguém merece sentir. Um alfinete a picar a todo o instante. Um sobreviver alienado “pela pessoa que mais amamos no mundo”. O choque é cruel: “a primeira vez que o vi em coma estava todo entubado. De fraldas. Acho que estive 10 segundos…saí porta fora e encostei-me à parede. Escorreguei e deixei-me ficar lá. Eu não consegui… (silêncio)”.

MORRI 
Patrícia garante que já morreu. Um véu que a transportou em voo para destino incerto. Um tiro sem pólvora que recorda, hoje, com serenidade: “morri literalmente. Não tenho dúvidas. Hoje consigo falar. Não deitei uma lágrima durante todo o processo. Não conseguia, como não consegui enviar uma mensagem a ninguém. Nem responder, nem atender chamadas”.

Meio ano volvido, acaba a agonia no corpo do pai. Pelo meio, um suplício diário. A lista de contactos muda e a decisão de não querer manter a vida que tinha. Porém, a pressão de regressar ao trabalho era muita. Reerguer a cabeça. O manter a mente ocupada. Voltou. Um retorno agridoce: “não estava minimamente preparada, mas só posso dizer bem do jornal. Foram muito amáveis comigo. No entanto, nunca sentimos a nossa dor validada. Sentia-me um extraterrestre”.

A juntar a esta tortura, 10 meses antes tinha partido um dos melhores amigos da nossa entrevistada. Colega de profissão, desistiu da vida sem dizer adeus. E de novo a ironia de ter sido a última pessoa a estar com ele. A revolta e a dúvida se algo falhou nessa tarde. Seguiu-se o velório do amigo projetado em tantos olhares: “não imaginam a quantidade de pessoas que apareceram junto de mim a querer saber coisas. As pessoas são muito cruéis. Ele era uma pessoa feliz naquele momento. Nada fazia prever aquilo acontecer. E eu senti-me muito culpada. Procurei ajuda médica”.

RESSURGIR 
Chegados aqui, a questão fulcral: como voltar a andar em paz? Patrícia respira fundo e argumenta: “eu só tinha dois caminhos: ou morria ou seguia em frente. A vida colocou-me limites insondáveis. As pessoas são sábias e este fator pode ser determinante. Superar 2019 foi um desafio difícil. Muito difícil”.

“…conseguimos manter a tradição de cantar os parabéns à meia-noite. Foi e é uma grande vitória, fizemos isso mesmo no tempo em que o meu pai esteve em coma”. Nesse dia, com bolo e “parabéns a você”, surge uma doce fotografia na cama do hospital do pai legendada com a frase O Amor Supera Tudo. A mesma que lhe ilumina o espaço onde constrói vidas em puzzle no projeto que a seguir narramos”.

Passar os aniversários, as festas do Natal e da Páscoa…, “mas conseguimos manter a tradição de cantar os parabéns à meia-noite. Foi e é uma grande vitória, fizemos isso mesmo no tempo em que o meu pai esteve em coma”. Nesse dia, com bolo e “parabéns a você”, surge uma doce fotografia na cama do hospital do pai legendada com a frase O Amor Supera Tudo. A mesma que lhe ilumina o espaço onde constrói vidas em puzzle no projeto que a seguir narramos.

ESBOÇO 
Estar ligado à corrente. À família e aos que contam. Um cordão de energia que serve, diariamente, para caminhar. Hoje “já me permito emocionar e quando estou já não me travo, já me deixo ir”. Um fluir que amacia a alma. Passado este período acredita que a frase O Amor Supera Tudo foi “sussurrada pelo pai” no leito da cama porque “eu estava ao lado dele e eu escrevi isso na cama. Chamem-me louca. O que quiserem”.

Os dias iam destilando. Uns empurrados pelo vento Norte, outros acariciados pelo abraço da casa. Pegou no papel e foi escrevendo o que morava dentro de si. Voltou a ler. Paulo Coelho, escritor brasileiro, foi uma espécie de farol para avançar rumo ao Caminho de Santiago, sonho antigo vezes sem conta adiado desde o 9.º ano escolar.
Antes, no último dia de junho de 2021, bateu com a porta da casa na qual entrou ao longo de mais de duas décadas: “ninguém achava que eu teria coragem de deixar o jornalismo. Poucas pessoas sabiam”. Nesse ano, ainda foi seduzida pelo Jornal de Notícias para ser correspondente. Recusou. O mesmo não sucedeu quando embarcou para o Instituto Politécnico de Viana. A função foi menos exigente o que não significa que fosse menos “extraordinária”. Porém, “não era feliz no que fazia. Só aceitei porque não tive coragem de negar à pessoa que me convidou e que me queria muito ao lado dela. Foi muito difícil sair de lá. Voltei a despedir-me. Queria sair daquele mundo e conseguir parar. Hoje continuo com um podcast que faz parte do meu projeto”.

PROJETO
Vive em “licença sabática da vida”. Os fios ligam-se. Uma conexão com ajuda em desenvolvimento pessoal à custa de “mentoras fabulosas” que a resgataram para a superfície. O buraco foi pontapeado: “aí percebi que a Patrícia não era só aquilo e que o mundo não era só aquilo. Eu estava completamente tolhida”.

Próximo passo foi entrar no primeiro curso da Academia de Luto. Um curso de suporte técnico ao luto, feito online, onde as ferramentas de combate à dor são transmitidas. Esta aposta significou introspeção. Pouca gente. Intimidade. Longe do rebuliço que caraterizou grande parte da sua vida.

O aprender tem sido contínuo. Sem pressas até porque “pela minha experiência percebi que nada, absolutamente nada, nos prepara para ver partir a pessoa que nós mais amamos”. O luto “tem de se viver e sentir, ponto. Não há outra forma! E dói, dói muito”.

No luto há verdade, garante Patrícia. E máscaras? “Nós mascaramos, mas não pode haver máscaras, até porque o luto é muito solitário, mas precisa de uma rede de apoio muito forte. E nós para termos uma rede de apoio muito forte e coesa, essa rede de apoio tem de estar devidamente informada, tem de saber aquilo que é mais adequado. E nós não sabemos, nós somos muito cruéis com as pessoas enlutadas”.

A entrevistada afiança que o luto não é nenhuma doença: “é uma resposta natural, esperada e necessária. Quando perdemos alguém, muito, muito especial, como não sentir tudo aquilo que é natural? O nosso mundo assumido deixa de existir”. Uma carruagem que para em estações, por vezes sem luminária: “precisamos de apanhar os cacos para voltar a colocar o mundo que nunca mais vai ser igual … nós precisamos do nosso tempo, e nós somos todos diferentes, porque trazemos uma bagagem completamente diferente”. Nessa ótica, acrescenta, “o luto é tão único e é uma verdadeira montanha-russa. E nós, tendo essa informação, informação é poder”.

Com este contexto, nasce o projeto O Amor Supera Tudo. Já o temos rabiscado. Agora vamos focá-lo em três pilares que surgiram de forma “muito gradual”.

Mulher de datas, Patrícia começou por criar o blogue no dia do seu aniversário. Poucos dias depois, a 1 de janeiro de 2021, podia ser visto com o olhar do mundo. No dia do Pai, publicou o Instagram e o Facebook. A 1 de julho “o primeiro dia do resto da minha vida”, ou seja, entra a vapor o projeto, com muito estudo pelo meio e que passou a ser concretizado a 15 de outubro de 2022 quando aborda unicamente a temática do luto.

Novo Mundo de Patrícia irradia sorriso em três pilares - Caminhos de Santiago - Sessões de sensibilização e workshops - Histórias de vida Com isto, entra na prática o primeiro pilar, já um pouco caricaturado anteriormente.

Os Caminhos de Santiago, na vertente espiritual, constituído por três etapas, iniciam em Valença do Minho. Em setembro de 2023 desencadeou “serviços de consultadoria”. Cobres que ajudam a equilibrar as contas da casa. Recorda a paixão pelo que viveu: “fiquei tão apaixonada pelo caminho, senti-me desarmada e quando dei conta comecei a organizar para pessoas que eu não conhecia”.

O segundo pilar é constituído por Sessões de Sensibilização e Workshops, dirigidas a dois públicos específicos: escolas e empresas: “faço online e presencial. Às escolas porque defendo que é de pequenino que as nossas crianças precisam ser ajudadas para mais tarde, em adultos, estarem mais informadas; o mesmo sucede com as empresas que carecem de informação para dar uma resposta adequada aos funcionários que regressam ao trabalho”.

Por fim, o último pilar: Histórias de Vida. “Passei de jornalista a contadora de histórias de pessoas muito especiais que já morreram. No fundo, estou sempre a falar de amor. Tem sido extraordinário. Não é terapia, mas é terapêutico. Gravo e oiço a gravação na íntegra. É esse autoconhecimento que também me tem permitido gerir muito as emoções. Depois mantemos uma conexão extraordinária, porque as pessoas têm a coragem de despir a alma. Tem sido incrível esta experiência, por isso digo que as Histórias de Vida acabam por ser o pilar mais importante do projeto. Não há nada melhor que nós homenagearmos o passado, darmos um presente ao presente e deixarmos um legado para o futuro”.

LIVRO A CAMINHO 
A mente de Patrícia gira em torno do olhar penetrante que possui. Sente que a vida lhe deu outra oportunidade para deixar um legado particular. Honrar os seus e daqueles que confiam nela. Neste sentido, o próximo passo é “disponibilizar a história em livro”. Uma luta que irá vencer até porque o relato promete: “é uma história de um homem homossexual que nutre uma paixão incrível que quer deixar perpetuada”. Mais à frente, compilar as histórias em coletânea. Porque não?

Contas feitas, a estatística diz-nos que três a cinco pessoas vivem um processo de luto por cada pessoa que morre. Sabemos, também, que cada ser vive ao longo da vida, 40 a 60 perdas (incluem lutos não reconhecidos como perda gestacional, fim de relacionamento, diagnóstico de uma doença, saída da escola, etc.). Muito do sucesso é “escutar e estar presente”, sublinha.

Por entre tanto amor, com 48 anos, Patrícia ainda não fechou a sete chaves o sonho de menina: ser mãe. Se acontecer, a casa irá ficar mais branca. Caso não suceda, a mesma casa terá o som da menina que um dia saltava para a cama do pai à busca do abraço. Sim, porque O Amor Supera Tudo.

Fonte: Revista SIM