​​A KEEP SOLUTIONS​ iniciou a sua atividade como spin-off académica da UMinho em 2008, por iniciativa dos alumni Miguel Ferreira, Luís Ferros e José Carlos Ramalho.  Desde então, a empresa tem-se dedicado ao desenvolvimento de soluções avançadas para a área da gestão de informação e preservação digital e providencia um conjunto alargado de produtos e serviços de suporte à criação de arquivos, bibliotecas e museus, sobretudo, no setor público e educacional.​

Entrevistámos o diretor executivo da KEEP SOLUTIONS, Miguel Ferreira, ​para conhecer melhor a empresa ​que sempre manteve uma forte ligação à UMinho onde os seus sócios-fundadores fizeram todo o seu percurso académico.


A KEEP SOLUTIONS iniciou a sua atividade há 8 anos. Como foi o arranque?

A história da KEEP SOLUTIONS remonta a 2003, cinco anos antes da empresa vir a ser constituída. Nesse ano, a Universidade do Minho havia sido convidada a coordenar tecnologicamente um projeto com sede no Arquivo Distrital do Porto (ADP). O objetivo desse projeto consistia no desenvolvimento de um software para gestão de arquivos que fosse ao encontro dos requisitos específicos do ADP. Sob a coordenação do professor José Carlos Ramalho do Departamento de Informática, eu e o Dr. Luís Miguel Ferros integrámos a equipa de desenvolvimento que esteve afeta a esse projeto. O software que daí resultou, chamado DigitArq, recebeu posteriormente o prémio Fernandes Costa, atribuído pela Agência para a Sociedade do Conhecimento, por ter sido considerado o trabalho que melhor respondeu à "inovação e contributo para o desenvolvimento da Sociedade da Informação" em Portugal.

Esse foi o mote que levou os Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, entidade que tutela os Arquivos Distritais de norte a sul do país (exceto o Arquivo Distrital de Braga e de Coimbra que são tutelados pelas respetivas Universidades) a solicitar um parecer à Universidade do Porto quanto ao potencial deste software para implementação a nível nacional. O parecer foi amplamente positivo, porém apresentava uma reserva – de modo a minimizar os riscos de obsolescência e falta de continuidade, deveria existir uma empresa capaz de assegurar o seu suporte e manutenção evolutiva.

Assim, em 2008, eu, o meu colega Luís Ferros e o professor José Carlos Ramalho constituímos formalmente a KEEP SOLUTIONS, a empresa que viria a ganhar o concurso público para o desenvolvimento e implementação nacional do produto DigitArq.

Luis Ferros1.JPG Luís Ferros, Diretor comercial & financeiro  e um dos sócios-fundadores da KEEP SOLUTIONS

Qual foi o papel da Universidade do Minho no seu desenvolvimento?

A Universidade do Minho teve um papel preponderante, tanto na conceção do produto que conduziu à criação da empresa, como logo após o nascimento da empresa. Nos primeiros dois anos de atividade, a empresa esteve sediada no Departamento de Informática onde pudemos incubar e crescer sustentadamente. A Universidade apoiou o nosso desenvolvimento, cedendo-nos um espaço para trabalhar, serviços de comunicações e alojamento de servidores. 

Quais eram as expetativas nessa altura?

Como em qualquer start-up, as expetativas eram elevadas, com a agravante de termos uma equipa altamente competente, extremamente motivada, um produto já concebido e um cliente de referência que queria e precisava dos nossos serviços. O alinhamento era perfeito, por isso a margem para erro parecia-nos baixa.

Quais são os principais produtos e serviços prestados pela KEEP SOLUTIONS?

A KEEP SOLUTIONS começou a trabalhar com e para arquivos, porém rapidamente expandiu a sua atividade para outras áreas da gestão de informação. Atualmente, a empresa possui produtos e serviços na área da gestão de informação com enfoque em sistemas de gestão para Bibliotecas, Museus e Arquivos. Outras áreas em que possuímos um vasto portfólio é no desenvolvimento e implementação de repositórios digitais e soluções para preservação digital.

Quais os aspetos que tornam o vosso trabalho diferenciador?

Na KEEP SOLUTIONS existe um foco muito grande na satisfação do cliente. Os nossos procedimentos pressupõem que o cliente, ou quem este designe, faça parte integrante da equipa de desenvolvimento e/ou implementação dos nossos produtos. Assim, todas as decisões que são necessárias tomar durante o desenvolvimento de um projeto contam com a sua participação e, sobretudo, com o seu aval. Quando se trabalha assim, o resultado final é sempre melhor.

Também achamos que os nossos serviços de pós-venda são muito eficazes. Estes materializam-se nos serviços de manutenção e suporte que estão associados às nossas soluções. Dedicamos muito tempo a esta atividade e monitorizamos a satisfação dos clientes, bem como à celeridade das nossas intervenções técnicas. Neste domínio, temos indicadores muito positivos.

IMG_7593.JPGTêm muitos e vários tipos de clientes, principalmente no setor público e educacional. De todos os produtos e serviços que já desenvolveram qual é que o foi o que vos deu mais gozo ou que tenha sido mais desafiante?

A resposta a esta pergunta provavelmente varia de pessoa para pessoa dentro da empresa, no entanto, um produto que considero muito interessante e com enorme potencial, tanto pelo desafio que foi desenvolvê-lo, como pelo problema que procura solucionar é o RODA (Repositório de Objetos Digitais Autênticos). Trata-se de um repositório para preservação a longo-prazo de informação digital. Para além de armazenar e gerir informação digital, este software facilita a identificação e mitigação de riscos que possam afetar o acesso continuado à informação que lhe é confiada.

A KEEP SOLUTIONS tem vindo a colaborar em projetos de investigação com instituições nacionais e internacionais de referência. Porquê que é que a produção de conhecimento científico ocupa um papel tão importante?

A investigação e a produção de conhecimento científico estão, desde sempre, no DNA da KEEP SOLUTIONS. Praticamente todos os nossos colaboradores estão ou já estiveram envolvidos em projetos de investigação científica através do desenvolvimento de projetos individuais de mestrado ou doutoramento ou por participarem em projetos no decorrer das suas funções na empresa.

A nossa participação em projetos de investigação permite-nos estar na linha da frente no diz respeito ao acesso ao conhecimento e, devido a isso, introduzir inovações nos nossos produtos mais rapidamente do que os nossos concorrentes.

Participar nestes projetos dá-nos também uma dimensão internacional, algo que é vital para podermos desenvolver negócios noutras áreas geográficas. O networking que estes projetos favorecem é decisivo no momento de fazer novos negócios.

Quantos são os vossos colaboradores? Existe uma predominância de diplomados da UMinho?

Absolutamente! Temos atualmente 13 colaboradores e apenas 1 foi formado por outra academia. Não temos nada contra as outras Universidades, mas a verdade é que a proximidade à Universidade do Minho facilita bastante a integração das pessoas. A localização da empresa, por exemplo, foi estrategicamente definida para facilitar a realização de dissertações de mestrado e de doutoramento nas nossas instalações. Os alunos podem trabalhar nas nossas instalações e a meio da manhã, por exemplo, ir assistir a uma aula no Departamento de Informática.

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É Licenciado em Engenharia de Sistemas e Informática, doutorado em Tecnologias e Sistemas de Informação, com especialização em Preservação Digital, na UMinho. Porquê a opção por esta instituição?

A Licenciatura em Engenharia de Sistemas e Informática era algo que queria fazer desde tenra idade. Penso que desde os meus 15 anos que tinha esse objetivo traçado. O doutoramento foi por conveniência. Quando iniciei os estudos como doutorando, encontrava-me a trabalhar como investigador no Departamento de Sistemas de Informação. Surgiu a oportunidade de obter uma Bolsa de Doutoramento pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e, sendo a Universidade do Minho a minha "casa", e sendo de lá as pessoas com quem queria trabalhar, fez todo o sentido prosseguir estudos nesta academia.

Que diferença fez no seu percurso profissional?

É difícil de responder a essa questão, uma vez que não conheço outra realidade. Contudo, não são raras as vezes que recebo rasgados elogios à Universidade do Minho e ao curso de Engenharia de Sistemas1. Isto significa que o mérito da Universidade do Minho precede qualquer apresentação e, isso, sem dúvida que abre portas e facilita o estabelecimento de relações profissionais.​

Que tipo de relação a KEEP SOLUTIONS mantem com a academia minhota?

Institucionalmente a KEEP possui vários projetos em comum com a Universidade do Minho, em especial com os Serviços de Documentação e com o Arquivo Distrital. Estamos a tentar formular uma candidatura conjunta ao Portugal 2020, algo que irá fortalecer ainda mais os laços de cooperação entre as duas instituições.

Algo que eu gostaria de assistir a curto/médio prazo seria a colaboração com a Universidade do Minho num projeto de investigação internacional.​


​1 atualmente, curso de Mestrado Integrado em Engenharia Informática.​

* Artigo da rubrica Ecossistema de Inovação e Empreendedorismo da News​​letter Nós Alumni, desenvolvido em parceria com​ a TecMinho ​​

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