Diogo Amorim e Ricardo Moura, formados em Bioengenharia pela Universidade do Minho, criaram em dezembro de 2015 a BiotechZone  e, simultaneamente, lançaram o primeiro site mundial de vendas para a biotecnologia e ciências da vida.

A Nós Alumni conversou com estes dois antigos alunos  após o Web Summit, para procurar saber qual foi o impacto do maior evento global na área do empreendedorismo, inovação e tecnologia nesta start-up, sediada em Santa Maria da Feira.

Chamada pelos próprios fundadores como o eBay para a Biotecnologia, o BiotechZone "surgiu da necessidade de alterar a forma demorada como os cientistas compram produtos e serviços de laboratório, resolvendo a lacuna, existente até então, de uma one-stop-shop para a Ciência", explicam os jovens empreendedores. A plataforma permite, assim, facilitar o dia-a-dia dos investigadores e aumentar as vendas dos fornecedores. 

A BiotechZone dirige-se a um largo espetro de profissionais de Biotecnologia, Ciências da Vida e Tecnologia de Laboratório. Do lado dos potenciais compradores estão os Laboratórios de start-ups, Institutos de I&D, PME's, grandes empresas de Biotecnologia, Farmacêuticas, Universidades e Fundações/Associações. Do lado dos vendedores, estão os fabricantes, fornecedores e prestadores de serviços. O site representa "uma oportunidade inovadora para empresas e instituições de biotecnologia maximizarem a sua exposição numa plataforma especializada e se internacionalizarem, vendendo para todo o mundo, atingindo mais clientes e, assim, impulsionarem as vendas e aumentarem os lucros. Da mesma forma, empresas e instituições mais pequenas, ou mais recentes, podem concorrer em igualdade no mercado global da biotecnologia, um mercado em forte expansão", salientam os criadores da start-up. ​

 

Com funcionalidades únicas adaptadas à ciência, os compradores ou investigadores podem pesquisar, mais rápida e facilmente, através de mais de 1000 características e especificações técnicas, comparar e rever artigos detalhados e comprar diretamente aos fornecedores, num único checkout (evitando ter de aceder aos diversos websites dos fornecedores), produtos biológicos, consumíveis de laboratório, produtos químicos, reagentes, equipamentos, instrumentos, software, serviços e instalações. Desta forma, centralizam-se e simplificam-se os processos de procura e aquisição, gestão de encomendas e controlo de gastos em múltiplas sub-contas de utilizadores. Por outro lado, os vendedores ou os fornecedores podem criar uma loja Online Gratuita e adicionar produtos e serviços ilimitados, também de forma gratuita, beneficiando de formulários de registo avançados e conectando-se a bases de dados científicas de classe mundial. É também possível definir "Zonas de Vendas" e, dessa forma, cumprir acordos de distribuição já estabelecidos, sem induzir qualquer conflito de distribuição geográfica e vender online para novos mercados em que não se tem qualquer distribuidor. A BiotechZone é adequada tanto para fabricantes como para distribuidores. Quando ocorre uma venda, é cobrada uma taxa percentual, o registo é gratuito e não existem taxas de subscrição.

Criar um negócio próprio surgiu, naturalmente, da vontade de ambos os ex-alunos quererem alterar o paradigma das compras científicas à escala global. "O empreendedorismo já há muito que nos corre nas veias", continuam os alumni: "com a criação do primeiro portal de Biotecnologia de Portugal 'Biotec-Zone.net', pelo Diogo Amorim, em 2007, projeto que Ricardo Moura viria a ser convidado a integrar um ano mais tarde; com o lançamento de uma plataforma avançada de emprego científico 'ScienceTalents.com', em 2011; e agora com a apresentação do primeiro Marketplace B2B do mundo para a Biotecnologia, Ciências da Vida e Tecnologia de Laboratório 'BiotechZone.com'." A oportunidade para alavancar o desenvolvimento desta plataforma foi potenciada pelo programa 'Passaporte para o Empreendedorismo', impulsionado pelo programa +E+I do IAPMEI, do qual os dois sócios beneficiaram, bem como por investimento privado.

Como antigos estudantes do mestrado de Bioengenharia, Diogo Amorim e Ricardo Moura salientam a importância que a passagem pela UMinho teve para os seus percursos profissionais: "Enquanto instituição responsável pela nossa formação académica, a UMinho assumiu um papel preponderante no culminar da nossa visão disruptiva para as compras de produtos e serviços de laboratório, servindo-nos as competências que aí adquirimos para o desenvolvimento das mais variadas tarefas em contexto empresarial, sempre numa lógica de excelência." 

O passaporte para a Web Summit ficou garantido quando os dois sócios ganharam a Micro-Grant da Startup Europe e foram uma das start-ups vencedoras do concurso Road2WebSummit – The Best of Portuguese Tech. O objetivo principal era procurar contactar e reunir com investidores internacionais estratégicos que possam assegurar um novo financiamento à BiotechZone, capaz de acelerar o seu ritmo de crescimento e viabilizar vários projectos, tais como a formação de uma equipa interna que dê maior suporte à plataforma.

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Numa análise preliminar, os empresários classificam a participação neste evento global como muito positiva. "Durante a Web Summit, na Night Summit e também em eventos paralelos, foi possível estabelecer valiosos contactos com representantes de fundos de investimento de renome, dos EUA, Alemanha, Reino Unido e Portugal, com importantes facilitadores, potenciais parceiros e clientes para estes e outros mercados como a Irlanda, Hong Kong e China. Foi também possível aumentar, na comunidade de cientistas e estudantes que visitou a conferência, o awareness para a BiotechZone, como uma plataforma ímpar para a compra e venda de todo o tipo de material e serviços de laboratório, que vem apresentar uma visão disruptiva para o futuro das compras científicas globais", sublinham os dois ex-alunos. A Web Summit não foi o primeiro evento do género em que ambos participaram. No passado mês de maio, foram também expositores na RISE Conf erence de Hong Kong , dos mesmos produtores da Web Summit, onde estiveram ativamente envolvidos no networking que estas conferências potenciam.

A curto prazo, os sócios fundadores da BiotechZone estarão focados no estabelecimento de parcerias estratégicas, cujos contactos se iniciaram antes e durante a Web Summit. A médio e longo prazo, têm a expectativa de obter capital de um ou mais destes investidores estratégicos que, tal como eles, acreditam que este é "um desafio incrível para reeducar o mercado e que vão conseguir romper com inovação uma indústria que há muito anseia por uma mudança, alterando a forma como os cientistas compram produtos e serviços de laboratório" salientam Diogo Amorim e Ricardo Moura. 

ebay.jpg    Diogo Amorim e Ricardo Moura​

Porque é que optaram pela UMinho para se graduarem?

Diogo Amorim: De incontornável qualidade como instituição de ensino superior e com franca representatividade no tecido empresarial português, a Universidade do Minho foi a escolha certa para obtermos o Mestrado em Bioengenharia. Ambos tivemos excelente aproveitamento nas áreas científicas, mas só o Ricardo Moura tirou a Licenciatura nessa Universidade.

Com um centro de investigação dotado das mais variadas tecnologias state-of-the-art e com operação em diversos domínios da Biotecnologia e Bioengenharia, o Centro de Engenharia Biológica da UMinho propiciou-nos a ambos, inúmeras valências teórico-práticas, que aplicamos diariamente no desenvolvimento da plataforma especializada BiotechZone.

Ricardo Moura: Não sabendo bem o que realmente me iria preencher profissionalmente, nem que talentos a Universidade me permitiria potenciar, entre as opções de acesso ao ensino superior, acabei por ingressar no curso de Biologia Aplicada e na Universidade do Minho, por sorte. Embora nesse ano de 2005 a academia desse já boas referências científicas no ensino e nos métodos, foi enquanto aluno envolvido na dinâmica da instituição que me apercebi do seu real valor e prestígio. E isso foi notável desde o primeiro dia. A Associação Académica da Universidade do Minho esteve muito ativa no meu acolhimento. Os grupos culturais, em especial, a Azeituna, também foram decisivos para me alertar da diversidade da oferta formativa e de voluntariado nesta academia. A Escola de Ciências da Universidade demonstrava também uma projeção científica a nível mundial e transmitia as suas orientações com grande rigor técnico-pedagógico a todos os alunos. Durante a minha formação, a UMinho providenciou sempre um ambiente sui generis, com múltiplas experiências de aprendizagem. Sem dúvida que as instituições que se reinventam são as que condizem melhor com os tempos e já, durante esse período, algo que me empolgou durante a formação académica foi assistir à eficiente capacidade de adaptação, seja no ensino ou na investigação e ver que essa capacidade se propagava nas diversas instituições associadas.

Têm ainda algum envolvimento com esta universidade?

Diogo Amorim: Tentamos sempre estar envolvidos com a UMinho através da presença nos mais variados eventos que a academia e os seus parceiros organizam. A participação no Investor's Day@UMinho (iniciativa da TecMinho) surge, espontaneamente, nesta relação.

Ricardo Moura: Como membro ativo da Azeituna, foi aqui que encontrei um coletivo musical irreverente e com uma dinâmica organizacional improvável. O extenso currículo de digressões internacionais e grandiosos eventos organizados que constavam no PITCH de apresentação aos caloiros eram admiráveis, face ao espírito galhofeiro que se vivia. A criatividade, folia e empreendedorismo pareciam combinar perfeitamente com o som daquela música. Creio, no entanto, que poucos vislumbraram tal. Foi quando os vi preparar um churrasco em 10 minutos, durante uma sessão de praxe e servirem todos os caloiros presentes, que me decidi. Aquela agilidade e demonstração de capacidade, tão genuína, contagiou-me definitivamente. Surgiu o convite de pertencer ao grupo e ainda hoje se desloca semanalmente para os ensaios de Quinta-feira, no BA (Bar Académico), ou colabora na organização anual do CELTA – Certame Lusitano de Tunas Académicas, em dezembro. É um saudável pretexto para continuar a viver e reviver a extraordinária experiência da Universidade do Minho.

 Que memórias guardam da vossa passagem por esta academia?

Dos bons aos maus momentos, das gargalhadas às aulas, da aprendizagem ao conhecimento, tal é o volume de memórias agradáveis do tempo passado na Universidade do Minho que desafia os limites do armazenamento humano. As experiências vividas são uma ótima matéria-prima para criar o futuro. Saudade.​


* Artigo da rubrica Ecossistema de Inovação e Empreendedorismo da News​​letter Nós Alumni, desenvolvido em parceria com a TecMinho ​​

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