A Ubisign é uma spin-off da Universidade do Minho focada no desenvolvimento de soluções de última geração para projetos profissionais de Digital Signage. Também conhecida como TV Corporativa, a Sinalização Digital é uma ferramenta de comunicação que utiliza telas digitais bem localizadas, em ambientes públicos ou privados, para exibir mensagens, entretenimento, merchandising e propaganda, de forma a maximizar sua percepção e interagir com seu público-alvo.​

Depois de vencerem, em 2005, o prémio do NortInov, um dos primeiros concursos de empreendedorismo de base tecnológica, dois antigos colegas de curso de LESI (Licenciatura em Engenharia de Sistemas e Informática) decidiram avançar com a criação da empresa. Dez anos passados, a Ubisign esteve no top 16 das spin-offs académicas lusas , segundo um estudo desenvolvido pela University Technology Enterprise Networké detida e está sedeada nas instalações do grupo Primavera SGPS, em Braga, e tem representação em Portugal, Brasil e Holanda. A NÓS Alumni entrevistou Pedro Machado, cofundador e atual CEO da empresa.


Fale-me sobre o início da Ubisign. Quem são os seus fundadores e como surgiu a ideia e a oportunidade?

A Ubisign surgiu num contexto muito particular. Estávamos em 2004, e eu assessorava o Professor Luís Amaral e a Reitoria na gestão do projeto e-U Campus Virtual, depois de ter estado 10 anos a trabalhar numa instituição de interface Universidade/Indústria, também ela participada pela UMinho (IDITE-Minho). Em paralelo era também consultor numa empresa especializada em obter financiamento público para projetos de I&D.

O outro sócio-fundador da Ubisign, Professor Rui José, colega de curso, era docente no Departamento de Sistema de Informática da UMinho e desenvolvia, na altura, projetos de I&D que procuravam explorar a utilização de ecrãs em locais públicos, para fins informativos, publicitários e de entretenimento. Na altura, dizíamos tratar-se de um “Portal Situado”, à falta de melhor terminologia para apresentar a ideia.

Neste contexto em que eu tinha vontade e disponibilidade para criar algo próprio e, por outro lado, o Rui estava condicionado pelo estatuto de docente (não havia ainda um regulamento de spin-offs na UMinho) surge a oportunidade de criar a Ubisign através da participação num dos primeiros concursos de empreendedorismo de base tecnológica, o NortInov, promovido pela ADI e CCDR-N.

Feita a candidatura, a ideia de negócio da Ubisign mereceu um dos prémios do concurso, tendo sido contemplada com um prémio de 10.000 euros para preparar um plano de negócios e com a participação num curso de Empreendedorismo na Escola de Gestão do Porto.

Reunidas a vontade e a oportunidade, avançamos então com a criação da Ubisign em 2005, tendo eu assumido a gestão operacional da empresa enquanto o Rui orientava as questões científicas.

Quais são os principais serviços prestados pela empresa?

A empresa desenvolve e comercializa software para projetos profissionais de Digital Signage (Sinalética Digital /TV Corporativa).

 

 


O que é que vos diferencia?

Na altura da criação da Ubisign, a diferença estava essencialmente na facilidade de uso do software para o utilizador responsável pela gestão dos conteúdos de uma rede de Digital Signage. As opções tomadas ao nível tecnológico permitiram criar uma solução web-based com funcionalidades típicas de aplicações desktop. Em termos de modelo de negócio também estávamos na vanguarda, oferecendo já uma solução em regime de Software Service, com base nos nossos recursos computacionais alojados na “cloud” da altura.

Hoje em dia a nossa diferenciação passa pela capacidade de integrar a nossa solução com qualquer outra solução informática geradora de conteúdos,  bem como a capacidade de utilizar qualquer dispositivo com um écran e um browser HTML5 como reprodutor de conteúdos (smartphones, tabletsSmart TVs PCs)

Qual o projeto que consideram mais ambicioso ou que vos deu mais gozo desenvolver?

Deu-me particular gozo todo o processo de “namoro” e negociação com uma gigante multinacional como a Fujitsu para que o nosso software fosse adoptado por eles para projetos de Digital Signage no mercado EMEA (Europa, Médio Oriente e África). Foi um processo longo e exigente mas onde aprendemos muito.

Ultimamente destacaria um projeto em colaboração com a Fujitsu onde, depois de mais um longo processo de demonstração e negociação, conseguimos mostrar estar à altura das exigências do projeto da NOS para a sua nova geração de lojas, tendo concorrido com soluções estrangeiras líderes mundiais do mercado de Digital Signage e vencido.

Comemoraram 10 anos de existência em fevereiro passado. Que balanço faz do vosso percurso.

O facto de ainda existirmos poderia ser considerado um sucesso, estatisticamente falando mas, no entanto, não vejo as coisas assim. O percurso tem sido difícil, com muitos altos e baixos, mas a ambição com que nascemos de sermos uma empresa global não se concretizou ainda. No momento estamos presentes em Portugal, Brasil e Holanda. Acredito que as evoluções recentes ao nível do produto possam abrir novos mercados e novas oportunidades nos já existentes, mas a competição é feroz e global. No domínio do software, as barreiras à entrada de novos competidores são muito reduzidas, o que faz surgir novos potenciais competidores a cada instante e em qualquer lugar e, como tal, o desafio é permanente. 

Próximos desafios para a Ubisign?

Há um desafio tecnológico ao qual temos vindo a responder e que passa pela minimização dos recursos computacionais exigidos e consequentemente, dos custos associados à montagem de projetos de Digital Signage em novos clientes. O outro desafio é um desafio de mercado que passa por reforçar a presença no Brasil para operar como base de uma futura Ubisign latino-americana que possa explorar estes mercados.


ubisign.jpg Stand da Ubisign na Feira AUTOCOM, em São Paulo. ​


Quantos são os vossos colaboradores? Existe uma predominância de diplomados da UMinho?

A Ubisign é, desde 2007, uma empresa detida pelo grupo Primavera SGPS. No grupo existe uma pool de recursos humanos de perfil técnico e esses recursos são alocados em função das necessidades dos projetos das empresas do grupo. O número é variável mas sim, são maioritariamente oriundos da Licenciatura em Engenharia de Sistemas e Informática, Licenciatura em Informática de Gestão e Matemática e Ciências de Computação da Universidade do Minho

 Que tipo de relação mantêm hoje com a UMinho?

Os relacionamentos ditos institucionais dependem em boa medida dos relacionamentos pessoais entre os seus representantes. Nesse sentido, a Ubisign tem colaborado ao longo dos anos com a UMinho em matéria de I&D aplicada, mas de forma indireta, por via do Centro de Computação Gráfica, que foi o nosso berço no momento da criação e com quem mantemos uma relação próxima.

Licenciou-se em Engenharia de Sistemas e Informática. Porquê a escolha deste curso e desta academia?

Sempre fui fascinado por máquinas e aparelhos eléctricos. Desmontava tudo o que apanhava a jeito para ver como funcionavam. Em 1982 ofereceram-me um Timex Sinclair 1000, com 2K de RAM. Com ele comecei a ler a as primeiras revistas de informática brasileiras a escrever as primeiras linhas de código em BASIC. Depois fiz o percurso normal com os ZX Spectrum até chegar ao primeiro PC. Posto isto, a escolha foi fácil na altura, já que era um dos cursos nacionais de informática mais prestigiados e ainda por cima em casa.

Que diferença fez esta instituição de ensino no seu percurso profissional?

Quando me perguntam em que sou bom, costumo dizer, meio a brincar, meio a sério, que sou um especialista em generalidades. Com isto quero dizer que tenho uma grande facilidade em aprender um pouco de tudo de forma rápida. Apesar de as minhas funções me impedirem de acompanhar a tecnologia ao pormenor consigo ainda dar contributos importantes nas horas em que a equipa precisa de encontrar soluções rápidas mas eficazes para os desafios que os clientes nos colocam. Foi esta base de conhecimento e a polivalência, que considero terem sido a mais-valia do curso de LESI na UMinho​

Tem orgulho em ser ex-aluno da UMinho?

Obviamente que sim. O facto de saber ainda hoje o meu número de aluno de cor (6045) é uma evidência disso.


* Artigo da rubrica Ecossistema de Inovação e Empreendedorismo da News​​letter Nós Alumni, desenvolvido em parceria com a TecMinho ​​

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