O Amor&Cabana surgiu numa fase de readaptação profissional de Tiago Fernandes que diz ter um percurso de vida variado. “Este projeto não tem nada a ver com a minha área académica e profissional, nem com a Gestão, mas está ligado a uma necessidade pessoal; quando vi o primeiro guarda-sol deste tipo, pensei: porque é que não tento fazer algo do género?”, conta o antigo aluno do Instituto de Educação da Universidade do Minho.

Depois de terminar o curso, em 2005, o alumnus fez um estágio profissional na ADRAVE – Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Ave, em Vila Nova de Famalicão, onde acabou por ficar, durante seis anos, como Técnico Superior. Nesta instituição teve oportunidade de trabalhar, sobretudo, na área de formação de adultos e ensino a distância e esteve presente em muitos projetos diferentes, nomeadamente internacionais. Pelo caminho, em 2010, terminou o mestrado em Educação – Ramo de Formação, Trabalho e Recursos Humanos, também pela UMinho. Tudo parecia correr da melhor forma até que a ADRAVE teve de reduzir o seu numero de funcionários e, sendo dos mais recentes, não escapou ao processo.

Tiago não desanimou e decidiu começar de novo. Enquanto enviava currículos para entidades na sua área profissional, nunca parou de trabalhar e fez de tudo um pouco: foi chefe de loja numa pichelaria, gestor num armazém de uma distribuidora de tintas, fez consultadoria e formação, através da CESPU,​ para o Ministério da Saúde do Governo de Moçambique e teve ainda acesso ao Passaporte para o Empreendedorismo, iniciativa do IAPMEI, que lhe viria a ser útil no seu​ projeto. 

Não é um guarda-sol – Não é uma tenda – Não é um toldo. É um KiKi - Uma cabana de praia inovadora.

O ex-aluno sempre gostou de ler à sombra de um guarda-sol na praia e decidiu arranjar uma solução que lhe permitisse ter maior área de sombra e que, ao mesmo tempo, o pudesse proteger do vento. Procurou na internet e encontrou um artigo que falava de novas tendências de praia em dispositivos de proteção solar. “Vi um modelo australiano, encomendei o produto e fiz um teste na praia e a estrutura, além de ser difícil de montar, deformava-se e não ficava como nas fotografias. O que eu fiz foi tentar, a pouco-e-pouco, melhorá-lo”, explica o jovem empreendedor.

Começou por fazer uns desenhos dos mecanismos que poderiam tornar o produto mais eficaz. “Foi aí que utilizei o Passaporte para o Empreendedorismo, que tinha uma componente de ajuda técnica numa entidade especializada duma área tecno-científica, e aproveitei para, junto do CITEVE, desenvolver a parte têxtil”, esclarece Tiago. Com este apoio e alguma persistência, conseguiu conceber uma solução que decidiu intitular de KiKi, o produto bandeira do projecto Amor&Cabana.

O KiKi é uma proposta de guarda-sol original, integralmente em têxtil e apenas sustentado por uma armação de alumínio, no seu próprio perímetro. Esta armação permite que o dispositivo tenha uma  grande resistênciaao vento (testado a 25 km/hora) e, ao mesmo tempo, elimina a haste de ferro que sustenta os guarda-sóis comuns, cobrindo uma área de 2,60mx1,80m. Como tal, possibilita que uma família de 4/5 pessoas esteja confortavelmente deitada  praia, na hora de pico do calor. Tem ainda aberturas de lado e pequenos bolsos onde as pessoas podem guardar os seus pertences com um pequeno cadeado para maior segurança.  ​

AC.jpg  Sessão de apresentações da 15ª edição do IdeaLab - Laboratório de Ideais de Negócio

O projeto Amor&Cabana pretende melhorar as nossas idas à praia pela apresentação de um produto premium que responde à necessidade de mais e melhor proteção ao sol e ao vento, com diferentes soluções de arrumação e com padrões customizados. Tudo isto transportável num saco – mochila, que é também um pára-vento. Proteger, é um ato de Amor e o uso do KiKi – a cabana de praia, é uma expressão desse amor, pela proteção a si e aos que mais ama.

Foi assim que Tiago Fernandes apresentou a seu projeto na 15ª edição do IdeaLab - Laboratório de Ideais de Negócio, promovido anualmente pela TecMinho, no qual participou. A experiência proporcionada pela interface da Universidade do Minho permitiu-lhe ter formação e, ao mesmo tempo, conceber um plano de negócio consolidado. O antigo estudante realça que teve “acesso a todos os conceitos, finanças, estratégia, voz do consumidor e, além disso, apoio a nível de consultadoria especializada e prática. E depois há também a projeção que uma participação como esta traz e toda a experiencia que nos dá. A apresentação em público a investidores permitiu-me também ter uma ideia clara do potencial do meu produto e da minha futura empresa.”​

Terminada esta fase, o  Tiago  está, neste momento, a trabalhar em alguns pormenores de afinação final que permitam melhorar o KiKi e torná-lo mais apetecível para o mercado como, por exemplo, a possibilidade de se fechar sozinho. O saco de transporte também está a ser desenvolvido, de forma a poder ser desdobrado e utilizado como corta-vento. Como sabe que uma empresa baseada num mono-produto poderá, a muito curto prazo, ser uma empresa frágil, o ex-aluno está já a pensar alargar a sua oferta de produtos para praia, desenvolvendo novos têxteis para cabanas que poderão mudar de cor conforme a temperatura e captar energia solar para carregar dispositivos electrónicos. Pretende também possibilitar a compra online de tecidos com padrões variados e apelativos para que o cliente possa mudar, quando pretender e ter assim uma versão diferente do seu produto.

Os grandes desafios para o Amor&Cabana são agora definir fornecedores que possibilitem baixar o preço de produção, começar a ver potenciais clientes, como lojas de praia premium e hóteis, e tentar chegar a um investidor ou parceiro estratégico que seja uma alavanca para algo em maior escala. A sua presença na próxima edição da Modtissimo, que decorre a 21 e 22 de setembro no Porto, poderá  ser uma boa oportunidades neste sentido, pelo menos assim o espera o jovem empreendedor que pretende “ter tudo consolidado até ao final de 2016 para começar a arrancar no início de 2017 e já estar numa fase madura quando chegar a próxima época balnear. Outro objetivo é chegar ao mercado internacional para combater o problema da sazonalidade do projeto”. 


AC2.jpg  Tiago Fernandes na Imposição de Insígnias 

Porque é que escolheu a UMinho para se diplomar e que diferença fez a universidade no seu percurso?

A UMinho surgiu como uma opção natural. Eu sou de Vila Nova de Famalicão e procurei a universidade mais próxima. Só posso dizer bem, é uma excelente academia. Permitiu-me ter flexibilidade porque, na altura, estava com muitas dúvidas sobre o meu percurso académico (pediu transferência para a então licenciatura de Comunicação Social e voltou de novo para o curso de Educação, onde tinha entrado no ano anterior). Permitiu-me também ter um conjunto de ferramentas transversais que me fazem sentir preparado para abraçar outros desafios. E isso foi uma mais-valia porque hoje um curso universitário deve ser visto, também, como uma oportunidade para adquirir um conjunto de competências que depois podem ser aplicadas em varias áreas profissionais. E, de facto, eu senti que, o meu curso específico, me deu ferramentas para conseguir trabalhar fora da minha área profissional. Tanto é assim ,que quando decidi tirar o mestrado, não pensei duas vezes e optei pela UMinho.

Acha que é importante haver uma relação de proximidade com a universidade onde se formou?

É importante mantermos uma relação porque, hoje em dia, há um conjunto de oportunidades, constantemente, a aparecer e muitas delas  aparecem no seio da universidade. Há um conjunto de contactos, a questão do empreendedorismo, do networking, conhecimentos que se travam e que podem trazer coisas novas e produtivas. Eu acho que as universidades, na sua génese, devem ter uma função aglutinadora no meio. Julgo que agora se fala mais, mas não sei se sempre foi assim. Antigamente havia quase que uma clivagem entre o espaço social, as universidades e as empresas, mas agora, cada vez mais, se verifica esta ligação e é muito importante porque todos podemos ganhar com isso, a todos os níveis. Quando voltei à UMinho, através do mestrado e também do IdeaLab, no pólo de Guimarães, tive saudades do tempo em que estudava cá e vi uma universidade diferente, mais voltada para o exterior; acho isso muito importante e necessário.


* Artigo da rubrica Ecossistema de Inovação e Empreendedorismo da News​​letter Nós Alumni, desenvolvido em parceria com a TecMinho ​​

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