​Fundada por dois antigos alunos da UMinho, José Dionísio e Jorge Baptista, a PRIMAVERA dedica-se ao desenvolvimento tecnológico de soluções de gestão. Com mais de 20 anos de experiência, esta empresa trabalha, diariamente, com cerca de 40 mil organizações, distribuídas por 20 países. O trajeto de sucesso desta multinacional já lhe valeu a inscrição no top das 500 maiores empresas europeias em termos de potencial de crescimento, segundo um ranking promovido pela Growth Plus. A PRIMAVERA Business Software Solutions tem sede em Braga e está, desde o início do ano, instalada num edifício que já foi premiado no festival mundial de arquitetura, em 2011. Em entrevista, Jorge Baptista faz um balanço da evolução da empresa, em contínuo diálogo com a UMinho, e aponta as novas metas a atingir.

Como surgiu a PRIMAVERA?

Em 1993, eu e o José Dionísio começamos a procurar novos desafios, porque acreditávamos que tínhamos os principais ingredientes para lançar um projeto capaz de vencer … Tínhamos as competências técnicas necessárias e conhecimento do mercado de software de gestão … É verdade que tínhamos pouco dinheiro no bolso … Mas, acima de tudo, tínhamos muita ambição! Nessa altura, o Windows, ainda era um sistema operativo desconhecido, no meio empresarial. Ainda não existiam muitas aplicações para Windows. Então, eu e o José acreditámos que esta poderia ser uma boa oportunidade, e nesse ano criámos a PRIMAVERA. Durante os primeiros meses, estivemos os dois fechados no escritório da minha casa a preparar o 1º best seller da empresa, que foi o Contalib [um software de contabilidade para profissionais liberais]. No final de 1994, já eramos seis e já tínhamos produzido três novos produtos. Durante quatro anos, a nossa empresa esteve sozinha no mercado, e tornou-se uma referência em soluções de gestão para Windows. Passados 20 anos, continuamos a desenvolver soluções empresariais de gestão com a mesma vontade de deixar marcas e de ir ao encontro das necessidades dos milhares de clientes, que usam diariamente os nossos produtos.

Qual a origem do nome?

Para dizer a verdade, a origem do nome ainda hoje não é consensual. Na altura em que lançamos a empresa, queríamos um nome que não tivesse nenhuma conotação regional, que se afastasse dos nomes comuns das empresas informáticas da época … Que representasse irreverência, arte, transparência … E, felizmente, optámos por PRIMAVERA. Esta designação representa bem o espírito da empresa. Está associada à energia, renovação, vitalidade … Além disso, é fácil de pronunciar em todos os mercados.

A trabalhar diariamente com cerca de 40 mil empresas, a PRIMAVERA está presente em vários países – Portugal, Espanha, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Quénia e Dubai -, sendo líder de mercado em alguns deles. Na altura em que lançaram o projeto, já ambicionavam esta internacionalização?

​Não … Hoje em dia, a maioria das tecnológicas já nasce com a ambição de ser global, mas quando criamos a PRIMAVERA, em 1993, a globalização ainda não era uma realidade. Por isso,

nos primeiros anos, a nossa estratégia de desenvolvimento esteve focada no mercado português. Só em 2003/2004 é que assumimos a internacionalização como o principal pilar de crescimento. O mercado nacional tinha-se tornado pequeno para a nossa ambição. Além disso, o investimento que estávamos a fazer, para satisfazer as médias e grandes empresas, exigia maior escala de vendas. Então, começámos por apostar nos mercados africanos de língua oficial portuguesa. Mais tarde, voltamo-nos para Espanha e, recentemente, para os Emirados Árabes Unidos, a partir do Dubai. Hoje em dia, contamos com cerca de 40 mil clientes, distribuídos por 20 países diferentes … E 44% do negócio é feito no exterior.

A nível tecnológico, é de destacar a parceria com a Microsoft que, certamente, tem sido preponderante para o sucesso da empresa. Na verdade, qual a importância desta parceria?

​A PRIMAVERA é genuinamente uma empresa de parcerias. Aliás, o sucesso da nossa empresa deve-se muito ao facto de termos conseguido construir uma rede muito sólida de parcerias com empresas que comercializam e implementam as nossas soluções em várias partes do mundo. Além disso, temos excelentes acordos com outras empresas de software, o que permite a ambas as partes o desenvolvimento de soluções mais completas. Mas, claro que a Microsoft é, para nós, um parceiro estratégico, uma vez que todos os nossos produtos são desenvolvidos em tecnologias Microsoft. Por isso, esta empresa teve naturalmente um papel relevante no nosso percurso.

 

Em 2006, a PRIMAVERA foi distinguida com o prémio PME Inovação atribuído pela COTEC, Associação Empresarial para a Inovação. E, em 2009, a empresa renovou a sua presença na Rede Inovação da COTEC. Mais recentemente, a InvestBraga (Agência para a Dinamização Económica de Braga) distinguiu a PRIMAVERA BSS com o título de "Embaixadora Empresarial" da região. Qual o valor destes reconhecimentos para a equipa e para a empresa?

Nós somos, por natureza, inconformados e ambicionamos chegar sempre mais longe … Atingir mais mercados, mais clientes e com produtos mais inovadores. Se possível, nós preferimos criar tendências ao invés de seguirmos aquilo que já existe …. E, quando vemos esta forma de estar apreciada pelos nossos pares ou por organizações reconhecidas ficamos, naturalmente, satisfeitos e ainda mais motivados. Aliás, eu acredito que toda a equipa se orgulha desses momentos e deles extrai mais energia para continuar a superar-se.

O know-how da vossa equipa de trabalho é certamente um fator crucial para o bom desempenho da empresa. Quais as principais exigências envolvidas no recrutamento de novos membros?

Na PRIMAVERA, procuramos sempre profissionais competentes e talentosos, tal como em todas as organizações. Contudo, privilegiamos os que têm experiências diversificadas e que revelam ambição e abertura para novos desafios. Até porque gostamos de trabalhar com quem teve de lutar para chegar onde chegou.

Atualmente, qual a constituição e formação da equipa?

Neste momento, somos cerca de 270 pessoas, de seis nacionalidades diferentes. A grande maioria é licenciada e distribui-se entre as áreas da engenharia, software, ciências de computação, economia, gestão, comunicação, psicologia e matemática, entre outras. E, é a conjugação de todas estas competências que ajuda a fazer a diferença.

A PRIMAVERA foi fundada por dois Alumni da UMinho. Considera que o facto de se terem formado na UMinho afetou o rumo das vossas vidas e, simultaneamente, da vossa empresa? Em que medida?

Sim, sem dúvida! A Universidade do Minho está no top das universidades portuguesas e é uma das melhores no mundo, em especial nas áreas da engenharia e das ciências da computação. E a base tecnológica da PRIMAVERA continua a ser largamente formada por antigos alunos da UMinho … Foi a Universidade do Minho que me juntou ao José Dionísio, e foi nesta Universidade que crescemos como amigos e como profissionais … Além disso, a decisão de fundar a PRIMAVERA em Braga foi crucial para o sucesso da empresa, porque nos permitiu aceder ao melhor talento, num contexto tão favorável como Braga oferece. E isso deve-se muito à Universidade do Minho.

Que tipo de relação é que a PRIMAVERA mantém com a UMinho? ​

A PRIMAVERA mantém uma forte relação com a UMinho. Aliás, nós não podíamos estar mais envolvidos com a universidade … Boa parte dos nossos colegas são licenciados na Universidade do Minho, o José Dionisio é membro do Conselho Consultivo da Escola de Economia, eu faço parte da Administração do Centro de Computação Gráfica … Além disso, recebemos inúmeros estágios todos os anos, participámos em teses de mestrado e de doutoramento, temos projetos de investigação em conjunto, participamos em palestras conjuntas, entre muitas outras iniciativas … De facto, temos vindo a aumentar a intensidade desta colaboração, pois acreditamos que o potencial de ganhos para todos é muito grande.

A PRIMAVERA acaba de lançar a nova versão do seu software de gestão. O que esperam deste produto?

Olhamos para o lançamento da versão 9 com especial carinho e imensa expetativa. Esta é provavelmente a terceira grande disrupção na história da PRIMAVERA. A primeira foi, logo no início, com o lançamento do primeiro produto para Windows, e a segunda foi em 2000, quando lançamos a versão 4, que permitia a outras empresas de software integrar os seus produtos com os nossos. Neste caso, a versão 9 é a interpretação disruptiva que a PRIMAVERA faz para a era da Cloud. Permite que todos os clientes tirem partido das aplicações móveis, integrem dados da Cloud e partilhem informação de negócio com milhares de empresas, numa plataforma à escala global. Eu acredito que a PRIMAVERA está a interpretar o novo paradigma da Cloud de forma distinta, acrescentando mais valor para os seus clientes do que a generalidade dos produtores de soluções.

Que balanço faz da evolução da PRIMAVERA?

O balanço não podia ser mais positivo! Hoje somos uma empresa com um volume de negócios de 18 milhões de euros e com clientes em 20 países. Somos líderes no mercado nacional e nos países lusófonos. E, somos uma marca respeitada, com grande notoriedade nos mercados onde atuamos. Eu acredito que podemos continuar a crescer e a afirmarmo-nos enquanto multinacional, sobretudo se nos centrarmos naquilo que sabemos fazer e nos valores que pautam a nossa atividade.

Qual o projeto que considera mais ambicioso ou que lhe deu mais gozo desenvolver?

No seu devido tempo e contexto, foram muitos os projetos ambiciosos que lançamos e concretizamos … Mas, talvez o primeiro, o Contalib, seja o mais marcante. Foi a nossa prova de fogo e uma verdadeira escola para o que construímos nos anos seguintes.

Quais os próximos desafios da PRIMAVERA?​

Continuar a crescer e a consolidar a PRIMAVERA como empresa de referência em todos os mercados onde atua. Em 2015 queremos ser uma empresa com um volume de negócios, na ordem dos 25 milhões de euros, 60% dos quais realizados em mercados externos. Esperamos fazê-lo! E para isso, queremos ficar ainda mais próximos dos nossos parceiros e clientes, investir em ofertas disruptivas para todos os mercados e setores onde atuamos, e entrar em novos países. 


* Artigo da rubrica Ecossistema de Inovação e Empreendedorismo da Newsletter Nós Alumni, desenvolvido em parceria com a TecMinho ​​

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