​É um livro de poesia. Vanessa Fernandes compilou na sua primeira obra, intitulada "Pequenos Sopros", os poemas que surgiram, muitas vezes, como apontamento, em resultado das mais diversas experiências. “Os obstáculos, as vitórias, as pessoas que passaram por mim, as amizades... Sempre registei o que via, seja em forma de desenho ou por palavras, e são esses momentos que estão no livro. A rotina, a vida, o sentimento, as escolhas. É um conjunto de poemas que escrevi ao longo da minha vida e não vou dizer que não tem coisas minhas, estaria a mentir porque tudo o que faço tem um pouco de mim e como observadora, que vê com olhos de ver, o restante, são coisas que quase ninguém dá conta ou reflete”, disse a autora. 

Vive em S. Torcato e é mestre em Arquitectura pela Universidade do Minho, mas Vanessa é essencialmente artista. Poetisa. Pintora. Música. Escritora. Não se esgotam as artes de quem as assume como paixão. 
Rima sem querer como quem passa e diz “bom dia”. Não é de estranhar que o livro que acabou de lançar seja feito de 143 páginas em verso, muitos deles remontam à infância, teria Vanessa cerca de 10 anos, “já escrevia em verso às escondidas, preenchia os meus cadernos com pequenos versos livres ou quadras, no recreio, em casa, bastava por o lápis na folha e fluía”, revela. 
Só mais tarde, quando frequentava Artes Visuais na Escola Secundária Francisco de Holanda, e após ler um poema de Charles Bukowski intitulado «Então Queres ser Escritor?» é que Vanessa assumiu um objectivo e respondeu afirmativamente à questão do romancista e poeta alemão. Na ocasião, nem os pais sabiam que escrevia. 
Desafiada pelos professores lançou um blogue com a intenção de futuramente escrever um livro. «Pequenos Sopros» foi oficialmente apresentado em Setembro último na Festa da Juventude de S. Torcato. 

Vanessa Fernandes gosta de Miguel Cervantes, mas considera Florbela Espanca a sua poetisa de eleição e elege o soneto «Eu» como o seu preferido. “Tem uma escrita com um forte teor emocional, intuitiva, cheia de sentimentos e eu acredito muito nisso, essa maneira de escrever, revela muito do seu interior, o que guarda dentro de si”. 

Principezinho será sempre o livro da sua vida


Vanessa está já a trabalhar numa segunda obra e revelou que “já leva algumas páginas escritas”. 
A jovem escritora inspira-se nos pais que lhe deram a liberdade para criar e na irmã que nunca a deixa duvidar das suas capacidades para escrever, mas todas as pessoas com quem se cruza bem como os pequenos detalhes lhe despertam a poesia que traz sempre na algibeira. Vanessa não permite que as histórias se escapem. “Tudo me inspira porque sou uma mera aprendiz pronta a ouvir o que o mundo me diz”, e assim se constrói mais um verso. 

Além de escrever, Vanessa ocupa o seu tempo com as Artes Visuais e continua a publicar no seu blogue. Ultimamente, tem-se dedicado à promoção do seu livro apresentando-o nas escolas do concelho vimaranense. 

A torcatense considera fundamental fomentar-se na sociedade o gosto pela escrita, “as escolas deviam convidar escritores a dar o seu testemunho, a fazer actividades com as crianças ou adolescentes, a apresentar o seu livro.  Não é obrigar a ler mas a mostrar que num momento aborrecido, podemos pegar num livro e tornar tudo muito mais mágico, enquanto folheamos as páginas”, refere. 

Apaixonada pela leitura e pela escrita sobra-lhe ainda tempo para a música clássica que assume ser outra das suas paixões. 
Enquanto, não lança a segunda obra a escritora promete continuar a beber inspiração nas pessoas, nas conversas do quotidiano, numa melodia. Sem data para o segundo livro será no seu blogue que vai compilar os seus estados de alma. 

Fonte: Bigger Magazine