Fátima Dias preside à Irmandade de Nossa Senhora da Lapinha, instituição responsável pela organização anual da "Ronda" e que é uma das mais significativas manifestações religiosas do concelho de Guimarães. 

Desde criança que conhece os caminhos da fé que conduzem os fiéis àquele Santuário, situado na freguesia de Calvos.  Há dois anos abraçou a liderança de um projecto em que conta com o apoio de "muitas pessoas empenhadas, dedicadas e movidas pela fé".
"A actividade da Irmandade tem um fio condutor, procuramos dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelas anteriores administrações, mas a Igreja está em constante mudança para acompanhar a evolução da sociedade", disse, durante a conversa mantida numa das salas de leitura do Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, onde a encontrámos rodeada de fontes documentais que são o "pilar" da sua actividade profissional. 
A juíza da Irmandade de Nossa Senhora da Lapinha é Licenciada em História, pela Universidade do Minho. Exerce funções de investigação na área da Demografia Histórica e Genealogia, estando ligada a diversos projectos daquela Universidade, assim como ao projecto que envolve o Centro Hospitalar do Vale do Ave, na identificação das famílias portadoras da doença de Fabry, juntamente com o historiador Rui Faria. Presta também serviços a quem procura conhecer a origem dos seus antepassados. 

"Ser historiadora é um trabalho algo solitário que obriga a acções persistentes, na recolha de informações nas fontes documentais que são conservadas nos arquivos. 
Passo muito tempo no Arquivo Municipal Alfredo Pimenta", observa, ao explicar que recebe solicitações de pessoas residentes no estrangeiro "que têm necessidade de identificar os antepassados, no âmbito de processos de naturalização, mas também porque querem conhecer as 'raízes', saber quem foram, onde viviam e o que fizeram os antepassados. Já tivemos pedidos da Suíça, da Alemanha, do Luxemburgo e do Brasil".

Residente na freguesia de Gémeos, onde nasceu e cresceu no seio de uma família numerosa - são 12 irmãos -, esta historiadora, mãe de três crianças, faz questão de sublinhar que é uma mulher "optimista". "Preciso de acreditar e de ter confiança que amanhã poderá ser um dia melhor que hoje. 

Por isso, procuro com a minha conduta fazer o que for possível para que isso aconteça. A minha vida tem sentido respeitando e compreendendo os outros, não voltando as costas aos desafios que surgem", comenta, explicando que foram esses os valores que herdou e que procura espalhar nas múltiplas actividades em está envolvida, porque continua a dinamizar o Grupo de Jovens de Gémeos e a ser impulsionadora do movimento Jovens em Caminhada. "Cresci num ambiente de partilha, numa casa cheia de pessoas e de afectos", acrescenta, sorridente, ao considerar que "a sociedade precisa de reforçar esse espírito de partilha, de valorização dos aspectos simples e que são os mais valiosos da vida". 

"Quem pertence aos Jovens em Caminhada tem um compromisso com o mundo, tem de estar atento e ter uma atitude activa, de serviço ao outro, estando disponível para estender as mãos a quem precisa. Identifico-me com esse ideal e defendo-o com a esperança de que o mundo seja melhor para os meus filhos", revela, tranquila, apesar de reconhecer que os dias que antecedem a Ronda da Lapinha causam sempre alguma agitação. "É um dia muito especial, mas há sempre muitas pessoas a ajudar e tornar possível a concretização deste culto mariano tão carinhoso e tão importante, sobretudo, para quem vive daquilo que a terra dá... Mas, cada um dos fiéis tem a sua estória íntima e intocável e que o leva a percorrer tantos quilómetros", remata. 

Notícia: Comércio de Guimarães