A artista Cher tem sido uma voz crucial no empoderamento das mulheres e das minorias na sociedade. Quem o diz é Orquídea Cadilhe, investigadora da Universidade do Minho, que defendeu há dias uma tese doutoral sobre aquela performer estadunidense. As conclusões do seu estudo são apresentadas esta terça-feira, dia 17, às 15h00, num seminário do Centro de Estudos Humanísticos da UMinho (CEHUM), em Braga, com transmissão online.
 
“A Cher foi das primeiras e mais significativas representantes da autonomia feminina num palco sociopolítico dominado por homens e acentuou a consciencialização dos problemas de certas minorias”, refere Orquídea Cadilhe. “Ajuda a quebrar barreiras de identidades oficiais, celebra a diferença e, em última instância, dá voz ao marginal”, acrescenta. A investigadora diz que Cher tem reinventado continuamente a sua imagem nas seis décadas de carreira, com um repertório de representações étnicas, feministas e pós-modernas, de hibridismo e de autotransformação.
 
Na tese “Cher, entre o mito da celebridade e o empoderamento das minorias. Transmutações da mulher indisciplinada”, Orquídea Cadilhe analisou como aquela referência da cultura popular contemporânea impacta mudanças sociais e desconstrói representações dominantes. “Cher coloca-se constantemente em espaços liminares, ajudando a intersetar a margem e o centro e a eliminar linhas de divisão entre grupos sociais”, frisa. Por exemplo, o videoclip “Believe” mostra narrativas de identidades híbridas, visíveis no guarda-roupa, nos imitadores de Cher a seu lado no palco ou na associação da sua imagem e voz a um ciborgue.
 
Nota biográfica
 
Cher, nascida Cherilyn Sarkisian há 74 anos, é cantora, atriz, pivot televisiva e empresária. A “deusa da pop” vendeu cerca de 150 milhões de discos e venceu um Óscar, Grammy, Emmy, Cannes e três Globos de Ouro. Foi apresentadora nas redes CBS e ABC, lançou tendências de moda, arriscou vários estilos musicais e até realizou filmes, entre outros aspetos de uma vida intensa e por vezes polémica.
 
Orquídea Cadilhe nasceu em Vila do Conde e vive em Braga. É licenciada em Línguas e Literatura Modernas pela Universidade do Porto e, pela UMinho, licenciada em Ensino de Inglês e Alemão, mestre em Língua, Literatura e Cultura Inglesa e doutorada em Modernidades Comparadas. Nesta academia, é investigadora do grupo Género, Arte e Estudos Pós-Coloniais do CEHUM e professora do Departamento de Estudos Ingleses e Norte-Americanos do Instituto de Letras e Ciências Humanas. Estuda as relações da literatura com música, cinema e TV, ligando os estudos feministas, de género e queer e os estudos culturais e dos media.