​Margarida Durães, alumna doutorada em História Moderna e Contemporânea pela UMinho, lança esta sexta-feira para o grande público o livro “Amélia de Orleães”, sobre a vida da última rainha de Portugal​​, esposa de D. Carlos​.

Foi pela iniciativa de Amélia de Orleães que se modernizou a saúde pública e a assistência social em Portugal, destacando-se a criação do Instituto Bacteriológico de Lisboa, do Dispensário de Alcântara, da Assistência Nacional aos Tuberculosos e os sanatórios instalados por todo o país. Nas artes é-lhe devida a criação do Museu dos Coches, atualmente o mais visitado do país, além de muitos restauros e objetos que se encontram em palácios e museus nacionais.
 
Em 1908 presenciou o assassinato do marido D. Carlos e do filho mais velho. Com a implantação da república em 1910, foi obrigada a partir do “país ao qual tudo tinha dado e sacrificado e que todas as dores e amarguras” lhe fez sofrer. Faleceu em 1951 em Versalhes, França, e tem os seus restos mortais no Panteão Real dos Braganças, em Lisboa.
 
“A sua vida de 86 anos foi uma luta contínua, num dos períodos mais críticos de Portugal e da Europa”, explica Margarida Durães, professora aposentada de História da UMinho. “Era elegante, amável, culta e, como mãe, atenta e exigente, preparando os filhos para cargos que não exerceriam. Porém, nunca conseguiu conquistar os portugueses, nomeadamente a aristocracia, ficando conhecida como ‘a rainha mal-amada’”, acrescenta. A investigadora considera que aquela foi efetivamente a última rainha de Portugal, pois a esposa de D. Manuel II, último rei de Portugal, nunca exerceu e casou quando ele já estava exilado.
 
As 376 páginas desta edição da Temas e Debates tratam os acontecimentos cronologicamente “para atrair o leitor e levá-lo partilhar as emoções da vida da biografada”. A narrativa centra-se na rainha, “expondo e não impondo, perseguindo e valorizando detalhes, além de procurar a verdade, porque uma biografia não é um romance”, justifica a autora.
 
Margaria Durães nasceu há 71 anos em Famalicão e vive em Carvoeiro, Viana do Castelo. Doutorou-se em História Moderna e Contemporânea pela UMinho, onde foi professora do Departamento de História do Instituto de Ciências Sociais, coordenadora de vários cursos, diretora do Núcleo de Estudos de População e Sociedade e investigadora do Centro de Ciências Históricas e Sociais, passando mais tarde para o Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (CITCEM). Venceu em 2001 o Prémio Alberto Sampaio na área de História Económica e Social, com a sua tese doutoral “Herança e Sucessão. Leis, práticas e costumes no termo de Braga, sécs. XVIII-XIX”. Tem diversos artigos, capítulos e livros publicados.