“O meu perfil não é o perfil convencional de uma gestora de marca em Portugal”, começa por alertar Ana Meira, a nova diretora executiva da plataforma de vendas online Overcube, criada no grupo Kyaia para o sector do calçado e acessórios, certa de que quando o empresário Fortunato Frederico a escolheu para o cargo deu “um sinal importante para a jovem geração de portugueses que procuram este tipo de mudança de paradigma”.
 
“Dá-nos esperança, alimenta- -nos a ambição e, principalmente, mostra-nos que há realmente um esforço para que a mudança comece a dar-se”, explica. E, por seu lado, acredita que o trabalho conjunto de uma jovem com um veterano do sector, a simbiose de visões entre duas pessoas separadas por mais de 40 anos, “é extremamente relevante como símbolo do que deve ser o futuro”, porque “há espaço para todos e a riqueza está precisamente na união de forças”.
 
Assim, a par do trabalho de transformar o marketplace criado em 2018 numa marca reconhecida à escala internacional, está decidida a aproveitar a sua função para promover a inclusão, “incentivar o empoderamento feminino”. No “Segundo Sexo”, de Simone de Beauvoir, tem uma citação de eleição: “Se quero definir-me, sou obrigada inicialmente a declarar: ‘Sou uma mulher’.” “É que ainda temos pela frente um longo caminho até à igualdade de género”, sustenta. Mas também quer “dar mais voz aos jovens portugueses, que tanto têm para dizer, imensamente talentosos, atentos, críticos”.
 
Na Overcube, que já reúne 60 marcas para lá do universo do grupo Kyaia, líder na indústria portuguesa de calçado (marcas Fly London, Foreva, Softinos e As Portuguesas), o objetivo é transformar uma plataforma que nasceu para dar suporte a marcas pequenas na transição para o digital “numa marca tão forte que estar lá seja sinónimo de forte presença internacional”. Ao mesmo tempo, quer fazer esse trabalho de construção de marca com um discurso coerente, de dentro para fora, envolvendo todos os que trabalham na organização. E como cruza tudo isto? “Através das redes sociais, por exemplo”, responde. Na primeira campanha que lançou, colocou em cima da mesa temas como a diversidade, a inclusão, a criatividade, e recolheu elementos para aplicar no futuro, “dando voz a jovens talentos reais, criadores, ativistas”. Aliás, comenta, se a pandemia veio provar que o futuro do comércio passa pelo digital, até no calçado, onde a plataforma abrange clientes até aos 70 anos, o seu universo nas redes sociais está entre os 18 e os 40 anos, em linha com a ambição de a Overcube chegar à geração Z e aos millennials.
 
Sobre Ana Meira
 
Formada em Comunicação de Moda pela Universidade do Minho, Ana Meira, de 32 anos, começou a sua carreira numa startup especializada em moda casual, trabalhou como produtora criativa no escritório de Lisboa de uma agência de publicidade brasileira, foi estilista de visuais masculinos na Farfetch e está há três anos na Overcube, onde era gestora de marketing e media.
 
A nível pessoal, quer ter impacto na vida das pessoas que se cruzam com ela através da relevância do que vai construindo. Na profissão, quer “trabalhar com pessoas que acreditam que faz sentido olhar para o mundo e questioná-lo, impulsionando as mudanças necessárias, construindo um discurso que realmente faça a diferença”.
 
Fonte: Expresso