É o mais velho do quarteto de filhos de Jorge e Alice Sousa, que fundaram a Carjor ainda antes de se terem dedicado ao crescimento da família. Andou desde sempre dentro da fábrica e mesmo que o pai quisesse vê-lo médico, prevaleceu o instinto de engenheiro. Fez toda a escola no Colégio das Caldinhas, o curso na Universidade do Minho (Engenharia de Produção), e o estágio na Suíça, numa fabricante de máquinas, antes de se embrenhar na gestão da Carjor, onde persegue o objetivo de fazer cada vez mais em menos tempo. No resto, entretém-se com a pesca, na horta e no pomar onde cultiva com absoluto proveito todo o tipo de frutas e legumes - "só não tenho bananas, mas ainda não perdi a esperança". É casado com Cristiana, professora, e têm dois filhos: a Inês, 20 anos, que estuda Comunicação na UMinho, e o Bernardo (18) que conclui o secundário no ramo de Artes.
 
Para cada jornada, Honorato Sousa tem um objetivo, que é rentabilizar ao máximo possível cada minuto do seu dia de trabalho. "Tento em tudo, mesmo em casa. A ideia é fazer sempre mais rápido e com menos custo", explica, logo desvendando uma mente (ele diz "de formação") de engenheiro que lhe impõe a minúcia com que gere a Carjor.
 
É por isso que não se preocupa com preços, com concorrência, em produzir mais e conquistar novos clientes. "As metas estão definidas. Trabalhamos com clientes sólidos a longo e médio prazo e o nosso objetivo é produzir de forma cada vez mais eficiente, ou seja, rentabilizando o tempo e a capacidade instalada. Não queremos produzir mais, queremos ser mais eficientes", explica o engenheiro, que o pai sonhava que fosse médico, mas que racionalmente não se afastou dos fios e trapos.
 
Afinal, o chão da fábrica sempre fora o seu ambiente natural, onde voltava nas horas livres e intervalos dos estudos no vizinho Colégio das Caldinhas, de organização Jesuíta. Analisou as hipóteses ("tinha nota para entrar onde quisesse, mesmo Medicina") e chegou à conclusão de que Engenharia de Produção, na Universidade do Minho, era o único que tinha o ramo têxtil. "Ainda por cima, podia vir à fábrica todos os dias", reforça, aproveitando para mostrar que o afeto e relação próxima são o elo mais importante do negócio.
 
Assim é com os clientes, cujas visitas à Carjor sempre incluem o convívio em animados repastos na quinta da família, onde igualmente quis fazer o almoço. "Criam-se relações de confiança e estabilidade que não acabam com um abanão", avança, mostrando que isso pode superar quaisquer crises ou ímpetos de concorrência. E conta o caso de um cliente de Itália que um dia lhe ligou para anunciar que tomou a decisão de abandonar os fornecedores asiáticos e dos países de Leste. "Disse-me: 'a partir de agora só trabalho com o CR7 das malhas', e o que faz mesmo a diferença é essa relação de proximidade e confiança".
 
Mesmo com a pandemia e o ambiente de incerteza instalado, tudo tem rolado na Carjor com absoluta normalidade. "Não paramos nem um único dia nem nos passou pela cabeça qualquer ideia de lay-off”, numa empresa que para nascer teve que ocupar a garagem de casa e obrigou os carros a ficarem na rua. Corria o ano de 1969, Jorge Sousa ainda cumpria o serviço militar quando juntou os trapos com Alice e fundaram a empresa que tinham sonhado, com o precioso apoio do tio Carlos.
 
Desde sempre especializada no fabrico de malhas exteriores para criança, em 1975 já exportava para Inglaterra e mudava para instalações próprias, num percurso de crescente sucesso até aos atuais 80 trabalhadores e perto de três milhões de euros de faturação, 100% feitos na exportação.
 
Com a chegada de Honorato no apoio à gestão, no final do curso e após um estágio na Suíça numa fabricante de máquinas - "aprendi muito sobre teares retos, que são a base do nosso trabalho" -, Jorge e Alice puderam começar a pensar na concretização de outro velho sonho.
 
Na dupla vertente de serviço aos idosos e às crianças, Torre Sénior e Torre dos Pequeninos, são outros casos de sucesso a juntar à Carjor, para orgulho da família. "Em tudo o que se mete, a nossa família tem sucesso, talvez porque entregamo-nos por completo aos projetos sem olhar a meios nem a sacrifícios pessoais, colocando os clientes no centro de tudo" -, frisa Honorato. Um engenheiro que não abranda na luta pela eficiência na gestão do tempo. Todos os dias faz um relatório, e o do dia anterior mostrava que, entre emails, chamadas e WhatsApp, nas oito horas de trabalho, tinha tratado de 561 assuntos, uma média de menos de um minuto por cada um.

Notícia: Jornal Têxtil