Carlos Viviani, formado pela Escola de Engenharia da Universidade do Minho, venceu o Prémio Kingfar da Associação Internacional de Ergonomia (IEA), pela sua tese doutoral sobre a medição do corpo humano. O galardão – que distingue pela primeira vez um trabalho feito em Portugal – tem o valor de mil dólares e vai ser entregue em junho, no congresso online da IEA.
 
Carlos Viviani estuda a antropometria, que procura adequar fisicamente os produtos, espaços, equipamentos e roupas à população. Cada país tem tabelas antropométricas próprias, atualizadas regularmente. Na tese realizada a partir do Centro Algoritmi, em Guimarães, Viviani comparou o perfil dos trabalhadores do Chile entre 1995 (os últimos dados públicos) e 2016 (usando uma amostra de 3000 cidadãos). Verificou-se que a estatura média aumentou 20 e 10,5 milímetros por década, respetivamente para mulheres e homens. Houve ainda um aumento geral no peso, massa corporal, quadril, coxas e ombros. Nas mulheres, diminuiu a profundidade do abdómen e a altura entre os olhos e o assento.
 
“Isto influi na vida diária dos trabalhadores e no design de móveis de escritório, materiais de proteção, maquinaria, espaços industriais ou até assentos dos veículos”, diz Carlos Viviani. O teletrabalho e as novas tecnologias são também uma preocupação, a par da força laboral a envelhecer. A tese premiada, “Antropometria da população adulta ativa e implicações no contexto da ergonomia”, foi orientada por Pedro Arezes (UMinho) e Ignacio Castellucci (Universidade de Valparaíso). Este estudo fez parte do projeto “Antropometria no Chile” e gerou sete artigos em revistas científicas, em parceria com académicos de Portugal, Chile, Holanda e Reino Unido. A presente distinção junta-se ainda ao conjunto de prémios internacionais que oGrupo de Ergonomia e Fatores Humanos do Centro Algoritmi da UMinho tem obtido na última década.
 
A IEA nasceu em 1959 e é a maior federação de organizações de ergonomia no mundo. Visa a integração multidisciplinar para a promoção do bem-estar laboral e o combate ao trabalho penoso. O seu Prémio IEA/Kingfar destaca anualmente alunos com investigação de grande qualidade em ergonomia e fatores humanos aplicada a países em desenvolvimento industrial. Ou seja, valoriza a pesquisa de problemas e soluções neste ramo em cenários de grande adversidade.
 
Nota biográfica
 
Carlos Viviani é licenciado em Ergonomia e Saúde Laboral pela Universidade Maior (Chile), mestre em Ergonomia pela Universidade de Nova Gales do Sul (Austrália), pós-graduado em Gestão de Risco da Indústria Mineira pela Universidade de Queensland (Austrália) e doutor em Engenharia Industrial e de Sistemas pela UMinho. No Chile, leciona nas universidades de Valparaíso, Católica de Valparaíso e Playa Ancha. Pertence à Comissão de Certificação de Especialistas em Ergonomia daquele país, é consultor em instituições públicas e empresas e investiga sobre ergonomia física e cognitiva, bem como usabilidade, conceção e avaliação de sistemas laborais, manipulação de cargas e a fisioterapia.