São jovens empresários, antigos alunos da UMinho, trabalham em projectos distintos, mas colocaram mãos à obra e estão a construir viseiras de protecção individual para doar a unidades de saúde da região.

Estão a trabalhar a escalas distintas, mas o objectivo é comum: ajudar os profissionais nortenhos que diariamente contactam com infectados de covid-19.

Em Viana do Castelo, Hugo Araújo, que na UMinho estudou Tecnologias e Sistemas de Informação, tem passado as noites em casa a construir viseiras, mas sem recurso a máquinas. Este gestor de projectos na empresa Inove Online, faz todo o trabalho com as próprias mãos. Depois de ouvir relatos de profissionais de saúde, nomeadamente amigos, decidiu pesquisar na internet mais informações para saber como ajudar. Os exemplos caseiros de construção de viseiras exigiam sobretudo uma impressora 3D. Mesmo sem essa importante ajuda, o antigo aluno do campus de Azurém não baixou os braços. Voltou às pesquisas e desenvolveu um modelo feito à base de rolo PVC 0,25mm e agrafos. A trabalhar a partir de casa, Hugo Araújo dedica-se à construção de viseiras à noite. Com o apoio de alguns amigos reuniu financiamento para adquirir o material. Esta sexta-feira, vai oferecer à Unidade Local de Saúde do Alto Minho as primeiras 100 viseiras individuais que desenvolveu.

Para quem quiser saber como construir viseiras em PVC, Hugo Araújo também dá uma ajuda: fez dois tutoriais para que qualquer um possa ajudar.

Em Braga, Adriano Martins, que passou pelo curso de Engenharia Informática e é COO na empresa Explore.dev está dedicado à mesma causa.  A impressão e montagem de viseiras começou depois de vários amigos e familiares médicos alertaram para a falta destas protecções faciais.

Com uma impressora 3D em casa, o antigo aluno da UMinho informou-se, começou a imprimir, e já fez até alguns ajustes para imprimir mais viseiras por dia. "Encontrei uma comunidade enorme online para responder a esta crise. Entretanto desenhei uma viseira ligeiramente diferente e estamos agora a tentar imprimir quarenta viseiras por dia. Se existir uma necessidade maior, estamos a equacionar comprar uma segunda impressora para duplicar a produção", conta. 

Até agora, já enviaram algumas viseiras para o Hospital de Viana do Castelo e estão em contacto com outras unidades de saúde da região Norte. 

Por fim, em Guimarães e numa escala maior, dois jovens arquitectos - Hélder Castro e Luís Guimarães - proprietários da empresa PNEcommerce, aliaram a necessidade à boa vontade de empresas e individuais, contactaram o município de Guimarães, reuniram na mesma plataforma particulares e empresas de Braga e Guimarães e estimam chegar à produção diária de 5 mil viseiras dentro de pouco tempo.

Em poucos dias lançaram a plataforma 'minhocovid19' onde cabem instituições, empresas, onde se aceitam também donativos para ajudar no desenvolvimento de equipamento de protecção individual para profissionais.

"Percebemos que existia uma enorme fragilidade no fornecimento de equipamentos de protecção individual para os profissionais de saúde, procuramos grupos que estivessem a trabalhar nesse sentido e percebemos que existia um défice muito grande de equipamentos e fomos perceber quem nos podia ajudar a produzir viseiras de protecção individual", começa por explicar Hélder Castro. 

Contactaram a CMG que os levou até aos responsáveis pela covid-19 nalgumas unidades hospitalares da região. De forma isolada, várias entidades e pessoas estavam a produzir viseiras e por isso surgiu outra ideia: reunir a informação para ajudar as empresas que já estão a produzir com o fornecimento de matérias primas e que fosse capaz de centralizar os equipamentos e entregar directamente às unidades de saúde". 

A estimativa de produção diária está actualmente nas duas mil unidades, mas acreditam que rapidamente irão chegar às cinco mil. A plataforma já está a trabalhar com os hospitais de Guimarães, Braga, Barcelos e Matosinhos. 

Na produção, o trabalho já envolve "empresas ligadas ao sector da cartonagem e publicidade, de Braga e Guimarães, que têm capacidade para dar resposta, além de empresas de vários ramos que se disponibilizaram com donativos". Entretanto, a Associação Académica da Universidade do Minho cedeu a sua sede em Guimarães. É do interior do campus de Azurém que nos próximos dias, talvez semanas, partirão caixotes com milhares de viseiras de protecção individual.

"Estamos a fazer um pequeno pedaço. É um espírito de entre-ajuda, um apoio comunitário do vasto tecido empresarial. Quem quiser pode juntar-se, toda a ajuda é bem-vinda", atira Luís Guimarães. 

 
Notícia: RUM - Rádio Universitária do Minho