Daniel Silva viveu em seis países, conduzido pela vontade de aventura que o levou além-fronteiras. Hoje sente-se realizado e tem uma família “internacional”.
 
“Servir de interface entre os fornecedores e a empresa.” É desta forma que Daniel Mendes da Silva, 41 anos, natural da Maia e a viver atualmente no Luxemburgo, resume o seu trabalho. “É uma área ainda pouco conhecida e difícil de descrever.” O diretor de compras global da Amazon explica que o objetivo é garantir que todas as necessidades da logística do negócio estão garantidas. Trata-se da área de “procurement” de uma empresa (a expressão é maioritariamente utilizada em inglês e significa “aprovisionamento” numa tradução direta para a língua portuguesa). Um exemplo: se a Amazon vai abrir um novo armazém, Daniel e equipa que gere trabalham no que é necessário para o embalamento, para o transporte dos bens, entre outros. Recentemente, grande parte da responsabilidade passa também por garantir selos de qualidade e sustentabilidade.
 
Mas como é que se chega a um cargo tão alto numa empresa multinacional conhecida de todos? Recuemos aos anos da academia. Depois de uma troca de curso e já em Engenharia e Gestão Industrial, Daniel Mendes da Silva decidiu fazer Erasmus em Liubliana, Eslovénia (aqui se poderia perceber o seu caráter aventureiro, já que foi o primeiro da Universidade do Minho a criar um protocolo entre a instituição de Ensino Superior e aquela capital europeia). Ainda teve uma breve passagem profissional em território nacional, na Sonae MC, mas rapidamente abriu horizontes e não mais se fixou em Portugal. Passou por Espanha, Estados Unidos da América e República Checa.

Pensar o futuro

Chegou ao Luxemburgo e à Amazon em 2017, já com experiência na área de “procurement”. “Quando saí do curso não sabia nada sobre este ramo no qual trabalho agora, foi um conjunto de oportunidades e de vontade de arriscar que me levaram aqui. E gostei.” O posto que ocupa atualmente obriga-o a viajar de forma regular – podia ser um país diferente por semana, mas tenta fazê-lo apenas mensalmente. “Estou em overdose de viagens, (risos) houve um ano que cheguei a fazer 83 voos só em trabalho.”
 
Ter uma “família internacional”, como lhe chama, também o obriga a ter uma “ginástica geográfica”. Foi no último país onde assentou antes de chegar a Luxemburgo, República Checa, que conheceu a esposa com quem tem duas filhas. “A mais velha, com cinco anos, fala fluentemente três línguas – português, inglês e checo – e na pré-escola ainda aprendeu mais duas.”
 
Com um mercado pouco competitivo, o regresso a Portugal, ainda que deseje estar perto da família e amigos, é apenas, para já, uma hipótese entre outras. “A pandemia fez-me entrar num período de reflexão e estou a ponderar qual o melhor equilíbrio entre bem-estar emocional, qualidade de vida para as minhas filhas e crescimento da carreira.”
 
Quer seja na Amazon ou numa outra empresa (ou até num negócio próprio, arrisca), Daniel Mendes da Silva tem a certeza que a paixão e o conhecimento pela área do “procurement” serão para ficar. “Um dos planos a longo prazo poderá ser ajudar outras empresas, até portuguesas, a desenvolver esta área dos negócios."

Reportagem: Notícias Magazine